Pesquisadores brasileiros estão estudando uma nova medicação oral que, se tomada diariamente e combinada com o uso da camisinha, pode evitar a infecção pelo HIV em pessoas saudáveis. Se os resultados forem positivos, será uma nova arma no combate a AIDS, ao lado do preservativo – ainda o único método comprovado de prevenção.
A fase de testes em humanos do estudo inédito Iniciativa Profilaxia Pré-Exposição (iPrEx), promovido pelo governo norte-americano em parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates e coordenada pela Universidade da Califórnia, em São Francisco, foi concluída e a pesquisa acaba de entrar na fase de tabulação de dados. Os primeiros resultados esperam-se, devem sair até o final do ano. No total, 11 centros de pesquisa no mundo todo participam do trabalho, em seis países - além do Brasil, os EUA, Tailândia, África do Sul, Peru e Equador participam.
Três centros de ensino e pesquisa do país estão avaliando 350 homens que fazem sexo com homens. Os voluntários, todos saudáveis e não infectados pelo HIV, foram recrutados pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para o estudo, aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Metade recebeu um comprimido diário da combinação de dois antirretrovirais e orientações sobre o uso da camisinha, entre outros cuidados. A outra metade, um comprimido de placebo (substância sem efeito) e também orientações sobre a necessidade do preservativo para o sexo seguro, entre outras recomendações. O estudo durou um ano e meio.
Os medicamentos antirretrovirais impedem a multiplicação do vírus HIV no organismo. Com isso, a defesa do corpo melhora e o portador corre menos riscos de desenvolver outras doenças.
Na fase de tabulação dos resultados, será comparado o eventual número de casos de contaminação pelo HIV em cada grupo, para se verificar a eficiência dos remédios. O estudo previa que os voluntários fizessem testes freqüentes de HIV e que, em caso de contaminação, fossem retirados da pesquisa e recebessem tratamento.
De acordo com o principal pesquisador no Brasil, o infectologista Esper Kallas, da USP, trabalho semelhante com as mesmas drogas em macacos mostraram eficácia.
- Caso haja eficácia (em humanos), será um importante passo para provar que os medicamentos podem também ser usados como prevenção antes da exposição ao vírus.
Com informações Agência Estado