Ter filhos em idades próximas parece interessante quando se pensa no companheirismo que pode surgir entre eles e na facilidade de ter duas crianças passando juntas pelas mesmas fases, porém engravidar novamente, poucos meses após dar à luz, pode provocar uma série de problemas de saúde para a mulher, o novo bebê e até prejudicar o primogênito. Por isso, é preciso tomar cuidado para evitar uma gestação antes da hora e estar amamentando não garante que isso não vá acontecer.

Para os especialistas consultados pelo UOL Gravidez e Filhos, as mulheres que estão amamentando precisam começar a fazer uso de algum método anticoncepcional cerca de 40 dias após dar à luz. Segundo os médicos, esse intervalo é seguro porque, em primeiro lugar, trata-se de uma fase durante a qual a mulher é aconselhada a não ter relações sexuais.

"É a quarentena, período em que ela ainda está com sangramento, e o colo do útero está voltando ao normal", fala Carla Kikuchi, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.

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Além disso, ainda que faça sexo, a chance de engravidar é pequena. "Nos primeiros 40 dias depois do parto, se a mulher está amamentando, é muito difícil que ela ovule", diz Carolina Sales Vieira Macedo, ginecologista e obstetra da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. No caso das mães que não amamentam, o cuidado deve ser tomado assim que sair da maternidade.

Os primeiros meses: Muitas mulheres acreditam que amamentar inibirá a ovulação, impedindo que ela engravide durante os primeiros meses de vida do bebê. Apesar de ter fundamento, essa proteção acontece apenas em alguns casos, quando certas regras são obedecidas à risca, e pode, sem que a mulher perceba, falhar a qualquer momento.

A ginecologista e obstetra Carolina Sales explica que, para evitar a ovulação, a mulher deve amamentar rigorosamente de três em três horas, durante dia e noite, sem pular nenhuma mamada. Além disso, o bebê tem de ter menos de seis meses e se alimentar exclusivamente do leite materno, sem ingerir nem mesmo água.

"Nessas condições, o hormônio que produz o leite, chamado prolactina, inibe a ovulação. Então, geralmente, a mulher só tem 2% de risco de engravidar. Mas, se qualquer um desses itens for desrespeitado, ela já perdeu esses 98% de eficácia", diz a médica.

Os riscos não acabam aí. Em alguns casos, mesmo que a mãe esteja respeitando todas as condições citadas anteriormente, o corpo não produz prolactina suficiente para inibir a ovulação e a mulher volta a ficar fértil. O problema, segundo Carolina, é que a mulher só vai saber que a quantidade de hormônio está insuficiente e que ela voltou a ovular duas semanas depois, quando menstruar.

Nesse meio tempo, ela poderá engravidar novamente sem ter consciência disso e demorar para saber o que aconteceu. "Como a mulher já estava sem menstruar, ela nem percebe que está grávida", diz Amado Nizarala de Ávila, ginecologista e obstetra da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Opções: Enquanto está amamentando um bebê com menos de seis meses de vida, a mulher deve tomar cuidado com o método contraceptivo escolhido.

Entre as opções que não oferecem qualquer problema nessa fase, estão os métodos sem hormônios, como DIU (dispositivo intrauterino) de cobre e preservativos masculino e feminino. No caso do DIU, ele pode ser colocado no útero antes mesmo de a mulher deixar a maternidade.

"Um dos melhores momentos para a colocação do DIU é depois do parto", afirma Ávila. Já a vantagem dos preservativos é a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.

A mulher deve estar atenta, no entanto, aos anticoncepcionais hormonais. "Dos métodos com hormônio, existem duas categorias: os combinados, que têm dois hormônios –o estrogênio e a progesterona–, e os métodos que têm só progesterona", diz a ginecologista e obstetra Carolina Sales.

Nenhum dos dois hormônios, se ingeridos pela mãe, fará mal ao bebê, mas o estrogênio pode causar uma diminuição na lactação, por isso os médicos recomendam que as mulheres que estão amamentando filhos com menos de seis meses tomem apenas aqueles que só trazem progesterona em sua fórmula.

"Eles não afetam a amamentação, porque não diminuem a produção de leite. São seguros até para a mulher começar a usar antes de sair da maternidade", fala a obstetra.

Para Carolina, após os primeiros seis meses de vida do bebê, a mulher pode usar qualquer método contraceptivo, inclusive aqueles que têm estrogênio porque, mesmo que a mãe continue amamentando, o leite não será mais a única fonte de alimento do bebê.

Os métodos compostos exclusivamente de progesterona estão disponíveis no mercado nas formas de pílula, implante, DIU com hormônio (chamado Mirena) e injeção trimestral.

Carolina Sales aconselha que as mulheres que acabaram de ter filho deem preferência aos métodos que têm eficácia a longo prazo e não dependem da lembrança diária, em uma rotina cheia de novas tarefas e preocupações. "Eles dão um tempo para a mulher se refazer da gravidez, cuidar da criança e não ter de se preocupar em tomar a pílula todo dia, porque, com uma criança pequena para cuidar, muitas vezes, a mulher esquece a pílula."

O implante de progesterona tem duração de três anos, o DIU com hormônio vale por cinco anos e o DIU de cobre só precisa ser trocado após dez anos.

Intervalo: Para garantir a sua saúde e de seus filhos, a mulher deve dar um intervalo de cerca de um ano e meio entre duas gestações.

Segundo Amado Ávila, quando acontece uma segunda gravidez com pouco tempo de intervalo, o útero não está totalmente preparado para receber o novo bebê, por isso são maiores as chances de problemas para a mãe e o feto. Em situações como essa, o obstetra afirma que o bebê pode acabar crescendo menos do que deveria e também existe um risco maior de alterações na placenta e de parto prematuro.

Fonte: UOL

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