Teixeira de Freitas: Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, Pandora Ravenna realizou uma oficina de Tranceiras em Teixeira de Freitas, a convite do Empodere-se. A aula ocorreu na Ong Paspas, que fica no bairro Tancredo Neves, e contou com a presença de moradoras daquela comunidade e bairros vizinhos. Enquanto as mães faziam a oficina, as crianças participavam da contação de histórias com Ananda Luz e Matraca.
O Empodere-se é um projeto que faz parte dos estudos da pesquisa de uma aluna do Mestrado em Ensino e Relações Étnicos e Raciais, da Universidade Federal do Sul da Bahia, Petrina Moreira Nunes, que visa a aplicação de cursos, oficinas e palestras gratuitas na cidade de Teixeira de Freitas e objetiva o empoderamento feminino, desde a conscientização, até a ação efetiva em busca da mudança social.
A primeira oficina, de Tranceiras, foi escolhida pelo fato de, ao mesmo tempo que ensina uma forma de renda, também traz questões sobre a afirmação da estética negra. As tranças fazem parte de diversas culturas, mas é muito usada no cabelo crespo, também como tradição afro-brasileira. Através da ação de trançar os cabelos das crianças, as mães e avós passavam saberes para os mais novos. Hoje em dia, as tranças adquiriram novidades estéticas e, graças a mídia, tem feito parte do gosto de todos os estados brasileiros.
Pandora é o nome que Paloma Saúde escolheu para ser chamada e tem sido reconhecida em todo o extremo sul através das tranças. Ela disse que desde os 12 anos trabalha com estética, começou ainda criança em um salão de beleza, onde aprendeu manicure, depilação, tratamento capilar, dentre outras coisas. Mas, com as tranças, ela tem alcançado sucesso profissional.
Pandora tem 20 anos e nos conta que as tranças entraram em sua vida quando ela engravidou. Foi uma forma de ficar em casa trabalhando e cuidando da filha, que a acompanha em todos os lugares. A trança varia de valor, a depender de sua complexidade, podendo chegar a 250 reais. O tempo de trabalho também varia de trabalho. O máximo que Pandora fez foi “um cabelo de 48 horas com pausas e outro de 24 horas direto. O prazo de durabilidade é dois meses”, disse, informando também que é necessário ter cuidado com as tranças para não agredir ao cabelo.
“A trança traz muito beneficio, pois você tem beleza, qualidade, preço, tudo em baixo custo”, disse a professora, afirmando ainda que é uma forma de melhorar a autoestima de mulheres, especialmente aquelas com cabelos em transição (deixando de usar química), que se sentem ainda mais bonitas afirmando a sua ancestralidade através das tranças.
Franciele Lopes tem 20 anos, trabalha como manicure, que é uma forma dela cuidar do filho e ter uma renda. Ela gosta de fazer cursos para ir aprendendo e melhorando o empreendedorismo dentro de casa. “Já é um dinheiro que entra e dá pra ajudar em alguma coisa”, disse ela animada, afirmando que ainda tem muita coisa que ela precisa aprender. E que, talvez, um dia, chegue a hora dela começar a ensinar outras mulheres um pouco do que aprender.
Elizabete dos Santos também esteve no curso e já trabalha na área de estética, ela disse que gosta da proposta de oferecer cursos gratuitos na comunidade: “é uma forma de resgatar meninas que não teve uma oportunidade, está na rua, ou estão em alguma dificuldade financeira”.
As mulheres que tinham filhos puderam deixa-los no espaço ao lado onde ocorria uma Contação da Histórias infantis e musicais com Ananda Luz e Matraca. Eles usaram instrumentos confeccionados por eles, nos quais as crianças interagiram e descobriram os sons e seus efeitos ao decorrer das histórias e das brincadeiras.
Por: Petrina Nunes/Liberdadenews