Modelo de assinatura mensal com acesso a todo o acervo é semelhante ao da Netflix
Se um país se faz com homens e livros, como afirmava Monteiro Lobato (1882-1948), nada mais apropriado do que estimular a leitura desde a primeira infância. Para uma geração que já nasceu conectada, o que não faltam são alternativas tecnológicas para aproximá-la das palavras. Comuns em outros mercados, plataformas digitais de leitura aos poucos vêm conquistando também leitores no Brasil.
Na semana que vem, será lançado o Bamboleio (www.bamboleio.com.br), aplicativo para celular e tablet com um catálogo expressivo de livros infantis, criado inicialmente como blog pela escritora carioca Padmini. Desde que se formou em letras, a ideia de Padmini era se dedicar à literatura infantil. “Não queria ser uma professora tradicional”.
“O mercado editorial não estava numa fase muito favorável e acabei fazendo o blog para compartilhar conteúdos”, conta. Quando conheceu Victor Mello, que é fotógrafo e também formado em literatura, decidiu viabilizar algo mais rentável.
Após muitas pesquisas, os agora sócios chegaram ao formato final do app. “Constatamos que a maioria das famílias adora contar histórias para os filhos, mas, infelizmente, não tem um acervo grande em casa de livros infantis. Isso ocorre mesmo entre as de classe mais alta. Ou os pais leem os mesmos livros, mas de maneiras diferentes, ou narram histórias que marcaram suas infâncias”, diz a escritora.
Padmini afirma que eles também se sentiram estimulados a criar a ferramenta por achar que poderiam oferecer um preço competitivo em relação aos valores médios dos livros infantis. “Na nossa plataforma, a assinatura é mensal, custa R$ 19,90 e o acervo é de cerca de 100 livros. O cliente pode ler quantos quiser e a variedade é enorme. Sem contar que há uma curadoria por trás. A qualidade é primordial, ainda mais em se tratando de formação de leitores”, diz.
A intenção do Bamboleio é oferecer também aos pais publicações que os atraiam. “O foco é a família. Temos obras que tratam de temas delicados, como separação, morte, doença, e que podem auxiliar qualquer pai e mãe a dialogar com os pequenos sobre esses assuntos. A gente acredita muito na mediação da leitura. Um leitor se forma ainda criança, quando o adulto o coloca no colo e conta histórias para ele.”
Para Padmini, as plataformas digitais não irão se sobrepor, mas ajudar a ventilar a produção de livros no país. “O tradicional não irá se perder. A gente só vem somar”, diz. É o que defende também Mônica de Carvalho, diretora-executiva da Elefante Letrado (www.elefanteletrado.com.br), plataforma voltada ao desenvolvimento do hábito da leitura em crianças. Com sede em Porto Alegre (RS), a Elefante Letrado oferece 950 obras de literatura infantil, em português e inglês.
Mônica conta que, quando o app surgiu, em 2013, havia receio de os professores não dominarem a tecnologia, mas logo eles perceberam que, além de facilitar o trabalho, a ferramenta potencializa o aprendizado das crianças. “Plataformas como a nossa não vieram substituir, mas contemplar um conjunto maior de experiências na leitura”.
Essa geração é toda tecnológica; é um gatilho que não se pode desprezar. É mais fácil para essas crianças ter prazer e tomar gosto pela leitura na plataforma digital, mas acaba sendo uma ponte para o livro físico. “Não tenho dúvida.”
Fonte: Uai Noticias