Ele bate com as duas mãos no PT, na Teologia da Libertação, no aparelhamento do Estado por marxistas e em tudo mais que lhe pareça associado às ideias do italiano Antonio Gramsci (1891-1937), principal teórico, para ele, de movimento mundial, cultural e educacional de conquista de governos pela esquerda. O norte do pensamento político de Ricardo Vélez Rodríguez, de 75 anos, futuro ministro da Educação, está na direita liberal, amparado na matriz do francês Alexis de Tocqueville (1802-1859), defensor do sistema de representação política americano que, por outro lado, temia o despotismo de maiorias.

O ministro de Jair Bolsonaro é favorável ao projeto da Escola sem Partido, critica a discussão de gênero nos colégios, e acredita que a saída está na iniciativa privada e numa cultura liberal construída de baixo para cima, desde o ambiente político dos municípios. Colombiano radicado no Brasil, chegou nos anos 1970 para estudar. Cursou mestrado em Filosofia (PUC-RJ) e doutorado (Gama Filho-RJ), após ter se graduado na matéria em 1964 pela Universidade Pontifícia Javeriana, de Bogotá, e em Teologia no Seminário Conciliar de Bogotá (1967).

É seguidor religioso do autor de A Democracia na América (1835) e do modo de vida dos Estados Unidos, onde vive o escritor Olavo de Carvalho, responsável por indicá-lo ao governo. Vélez nunca teve experiência como a que encontrará em janeiro nem geriu orçamentos enormes - o do Ministério da Educação está na casa de R$ 108 bilhões. O que o levou ao cargo foram seu conhecimento da política do País e claras posições antimarxistas contrárias ao que chama de "lulopetismo".

Continua depois da publicidade

Professor emérito da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (Eceme), Vélez costuma refletir que o líder sindical que chegou ao poder em 2002 - e hoje cumpre pena por corrupção em Curitiba - é parte do plano esquerdista de controle social segundo os preceitos gramscianos da "hegemonia da classe trabalhadora", pregação encontrada nos Cadernos do Cárcere, obra de Gramsci.

Em artigos no jornal O Estado de S. Paulo, Vélez analisa a realidade do País desde os caudilhos do século 19, período de pesquisa acadêmica que embasa sua retórica liberal. Uma obra sua é Castilhismo: Uma Filosofia da República, em que disseca o republicano gaúcho Júlio Prates de Castilhos (1860-1903) para concluir: "O autocratismo castilhista não entrou no jogo ao acaso ou como simples transposição de uma teoria estrangeira. Preencheu um vazio no pensamento da elite dirigente brasileira, desobrigando-a da má consciência de haver contestado radicalmente a monarquia, sem dar solução ao problema fundamental colocado por ela: a representação".

Em Por Que Ler Saint-Simon, no Estado de 22 de março de 1981, trata da religião na organização social e discute o que chamou de "messianismo da Teologia da Libertação", atuação de setores da Igreja Católica na política brasileira à esquerda desde a redemocratização. "Ideologia totalizante visando a redenção do homem latino-americano das cadeias da dependência, mediante implantação da ditadura do proletariado."

No texto Política e Regeneração Nacional, de 25 de junho de 2017, atacou seguidores de Lula. "A reação da sociedade brasileira contra os desmandos do lulopetismo, potencializado pelo cientificismo marxista, não pode cair nesse beco sem saída que nos leva direto ao passado da ditadura positivista." Nem tanto lá, nem tanto cá, uma preocupação tocquevilliana.

Dilma e militares

Em 29 de agosto de 2012, Vélez formulou, porém, ao menos como linha de argumento, que "Dilma (Rousseff, presidente cassada) pode firmar-se como estadista se, com as privatizações necessárias, confrontar de forma decidida os dirigentes do grevismo irresponsável". No texto, diz que não votou em Dilma ou Lula. Mas sustentava o raciocínio de que ela deveria seguir a líder britânica Margaret Thatcher (1925-2013). As liberdades e a iniciativa privada são pontos centrais em sua obra, além de defender a redução da participação do Estado nos negócios.

Um dos criadores do Instituto Humanidades, concorda com premissas do golpe de 1964, elogia a ação dos militares que, segundo defende, livrou o País do "comunismo". Mas, como bom tocquevilliano, tem críticas e objeções à ditadura.

Em palestra na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde coordena o Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Souza, divergiu do governo militar. Sua reflexão é que o modelo adotado atrapalhou o desenvolvimento do pensamento liberal. Critica "generais gaúchos" que comandaram o País em ao menos um ponto. Para ele, os militares concentraram política patrimonialista e estatizante. Por tabela, isolaram pensadores liberais impedindo-os de florescer como alternativa.

Diz que intelectuais da esquerda voltaram no fim dos anos 1970 e acharam terreno fértil para teses esquerdizantes pela falta de consistência no conhecimento teórico dos liberais. Para Vélez, a posição do regime permitiu o avanço esquerdista levou à eleição de governos, sequência interrompida só com o impeachment em 2016.

No Itamaraty, em abril de 2017, disse que para o câmbio político era preciso "chutar o pau da barraca", de "dentro do governo para fora" e não esperar um movimento de fora para dentro. Para ele, a figura brasileira liberal que executou essa atuação política foi Roberto Campos (1917-2001), quem ele compara a John Locke (1632-1704), pai do liberalismo e teórico da Revolução de 1688 na Inglaterra. Vélez é hoje professor aposentado e vive em Londrina (PR), onde atua na Faculdade Arthur Thomas.

Educação humanista

Para quem quer entender melhor a cabeça do futuro ministro da Educação, a dica é buscar autores como Miguel Reale, José Guilherme Merquior, Roque Spencer Maciel de Barros e José Osvaldo de Meira Penna, além de Francisco José Oliveira Viana, Rui Barbosa, Roberto Campos e, obviamente, Alexis de Tocqueville, todos eles base relevante no pensamento de Vélez Rodríguez.

Mas um deles é especial para ele: o baiano Antônio Paim. Também com um passado de formação ligado ao pensamento marxista, Paim viveu na União Soviética, onde se formou em Filosofia em Moscou antes de tornar-se um pensador liberal brasileiro. Ele se aposentou quando atuava da Universidade Gama Filho, no Rio.

Numa reflexão sobre Paim, também crítico do patrimonialismo brasileiro, Vélez dá pistas da educação que pensa para o Brasil. "A educação brasileira somente poderá ser renovada se superar, de forma radical, o vezo profissionalizante, mediante a volta ao estudo das humanidades", disse ele. O alvo, com base nas ideias do mestre, é ser uma educação humanista, com foco na moral.

Num curso sobre o tema, elaborado pelo educador liberal e que contou com a participação do futuro ministro, Paim prega a educação para a cidadania, "a única que verdadeiramente consolida a modernidade".

Vélez cita Paim quando este defende a quebra do "modelo encadeado, atualmente vigente, para um que faça de cada uma dessas séries etapa independente". "O ensino primário, assim, seria terminal e teria como finalidade primordial formar a consciência cidadã e dotar as crianças dos conhecimentos mínimos necessários para a sua inserção na sociedade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

IF Baiano abre mais de 2.400 vagas de nível médio integrado à

O Instituto Federal Baiano (IF Baiano) vai abrir processo seletivo para o ingresso de mais 2.400 estudantes nos cursos técnicos integrados ao

Alunos e funcionários de Escola Municipal em Caravelas passam mal

Caravelas: Estudantes e funcionários da Escola Municipal Militar de Caravelas, localizada no distrito de Rancho Alegre, passaram mal na manhã de

Papelaria Escolar reinaugura sua mais nova loja após 10 anos de

Teixeira de Freitas: Na manhã desta quarta-feira, 25 de julho, a cidade de Teixeira de Freitas celebrou a inauguração da mais nova loja da

PESTALOZZI DE TEIXEIRA DE FREITAS E CHILDFUND BRASIL OFERTAM CURSOS

A Pestalozzi Teixeira de Freitas, em Parceria com a ChildFund Brasil tem desenvolvido ações para proteção de crianças e adolescentes

Governo Lula se reúne com reitores e deve anunciar PAC universidades

Em meio à greve dos docentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne, na manhã desta segunda-feira (10), com reitores das

Inscrições para Enem 2024 começam nesta segunda-feira

O período de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 começa nesta segunda-feira, 27, e segue até 7 de junho. A

BA: mulheres representam 30% dos condutores e são mais responsáveis

A Bahia conta com quase 3 milhões de habilitados, e apesar de uma população feminina maior – cerca de 53%, apenas 30% são delas são

Potencializando a educação: Convertendo PDF para Word com

Em um cenário educacional cada vez mais digitalizado, a capacidade de poder converter documentos de PDF para Word se tornou uma habilidade essencial

SiSU: UFSB oferece 2.132 vagas em Porto Seguro, Itabuna e Teixeira de

Teixeira de Freitas: Nessa edição do SiSU, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) está ofertando 2.132 vagas em 50 cursos paras as

UFSB lança Processo Seletivo 2024 com métodos inovadores de

As inscrições para o Processo Seletivo de Cursos de Graduação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) começaram quinta-feira (4),

Mucuri novembro azul