Teixeira de Freitas: As Escolas Municipais de Teixeira de Freitas abrem seu período de matrícula para novatos entre os dias 23 (quarta) e 25 (sexta-feira) de janeiro. As vagas abrangem toda a rede e zona rural que incluem vagas na Educação Infantil, Ensino Fundamental de 1º ao 9º Ano e EJA, com exceção das creches, que possuem seu processo de matrícula diferenciado. E diante de tantas reclamações que chegaram à redação do Liberdade News, a equipe de Jornalismo foi até as escolas ouvir os moradores.
Chegando ao local, as mães disseram que as matriculas são preenchidas por ordem de chegada. Para conseguir um lugar para o filho, os pais passaram as últimas noites dormindo na fila. Para tentar garantir uma vaga para o filho de 04 anos, na Escola Municipal Monte Sinai, no Bairro Lourenço, a vendedora Leila Rodrigues, 33 anos, disse que vai passar a madrugada desta terça-feira para quarta (23) sentado em uma cadeira apenas com uma garrafa de água, e um lanche. “Minha expectativa é grande, pois, preciso desta vaga para meu filho, por não ter conseguido efetivar a matrícula no primeiro prazo.
A doméstica Larrúbia Ferreira, 34 anos, disse que chegou a noitinha, às 18h00, para dormir em um banco encostado no muro da escola. Ela levou um cobertor, blusa de frio e lanche. “Estou muito esperançosa de ter essa vaga, eu quero um futuro melhor para o meu filho, então tem de ser assim, no sacrifício. No Bairro Tancredo Neves, na Creche Estrela da Manhã, pais aguardavam na fila com ansiedade uma vaga para seus filhos, era visível as barracas de acampamento instaladas no local, como forma de proteção na madrugada.
A profissional em manicure, Debora Soares Reis, 29 anos, disse que está na fila para tentar uma vaga para seu filho estudar. “Estou preocupada, ele tem 04 anos, e só abriu 09 vagas. Sou a 11ª, e estou aqui ansiosa para ver se consigo. A diretora falou que a Prefeitura só disponibiliza poucas vagas. “Eu acho isso um absurdo, pois, tem muitas crianças de 04 anos, precisando de estudar”.
A doméstica Graze de Souza Santana, 22 anos, acompanhada de duas filhas, de 02 e 04 anos, disse que estava na fila desde as 08h00, da manhã. “Meu esposo está trabalhando, não tive com quem deixar. O sol foi muito forte, e não ofereceram nem água para as crianças. Estou sem esperança nenhuma, pois eles não dão nenhuma espécie de ficha, não falam nada. Estou muito preocupada”.
A doméstica, Daniela Souza dos Santos, 29 anos, que tem 2 filhas uma de 4 e outra de 6 anos, falou que chegou na fila já anoitecendo, para disputar uma vaga na creche para sua filha estudar. “Estou muito ansiosa, estou aqui mas, sem nenhuma esperança, eles usam a Constituição como uma carta, mas, não funciona, porque na Constituição temos direito à escola, e aqui não acontece, não funciona. Quando escrevi minha fila aqui ela estava com 06 meses dentro de minha barriga, ela nunca foi chamada, todo ano coloco o nome dela e nunca foi chamada. Minha filha mais velha tem 6 anos, a menor tem 4 anos, e não é justo passar aqui uma noite inteira para conseguir uma vaga, sou a 10ª pessoa, mas, estou tentando”.
No Bairro Santa Rita, na Escola Municipal Clélia das Graças Figueiredo Pinto, diversos pais estavam em meio a madrugada, aguardando uma vaga para a matrícula dos seus filhos. A doméstica Naiara Neves, 33 anos, disse que o motivo de estar na fila é para garantir uma vaga para os filhos de 5 e 11 anos. “Dessa vez estou com esperança de conseguir uma vaga, cheguei aqui as 13h00, com muito calor, mais fiquei, tomara que eu consiga. Meus filhos precisam por demais”.
No Bairro Colina Verde, na Escola de Educação Infantil Gelson Oliveira Costa, foram armadas barracas, coberturas, e até um local espalhado com diversos colchões, para que as pessoas pudessem descansar no período noturno na disputa de uma vaga. Até uma garagem serviu de abrigo para as mães. A doméstica Joana Barbosa, 21 anos, disse que tem 3 filhos, de 7, 6, e 5 anos, e preciso de duas vagas. “Desde o último sábado (19 de Janeiro) estou aqui. Não desisto, estou na esperança de conseguir uma vaga para meu filho”.
A doméstica, Laila da Silva, 21 anos, falou que está à procura de uma vaga para meu filho, ele tem 1 ano e 6 meses, ficar com uma criança no sereno é difícil, meu marido trabalha, não tenho com quem deixar o meu menino, ai tenho que fazer esse esforço a mais e vim para fila, para garantir uma vaga. Estou com muita fé, que isso possa acontecer”.
Alguns pais alegam que ficaram na fila ano passado e não conseguiram matricular seus filhos. O que nossa equipe de reportagem verificou em algumas escolas, é que são poucas vagas para a quantidade de mães que estavam na fila. Ou seja, mesmo passando o dia todo na fila, dormindo na fila, os pais ainda não têm a certeza que conseguirão vagas. As mães reclamam ainda que perderam o direito de escolher o horário em que queriam que os filhos estudasse, e ainda não podem escolher uma escola próxima de casa.
Além da presença das mães, nossa equipe notou muitas crianças junto às mães, as quais alegam que não tem como deixar os filhos em casa, ou com alguém para olhar. Mulheres grávidas também foram encontradas nas filas. “Lamentável essa situação e a indignação de nós mães, es é enorme, pois, estamos aqui porque não temos condições de pagar uma escola particular, mas, sabemos que temos. Porém, estamos passando essa dificuldade para tentar conseguir uma vaga, sem a mínima garantia de que conseguiremos”, alegou outra mãe.
Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato telefônico com o secretário de educação. Porém, nossas ligações não foram atendidas. O Liberdade News aguarda uma nota da Secretaria de Educação explicando sobre o caso.
Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews