Quem é o profissional que cuida da voz?
Mesmo com os olhos fechados, quem não conseguiria identificar figuras como Galvão Bueno, Cid Moreira ou Silvio Santos? Todos eles compartilham um traço único: a voz. Por ser uma característica tão importante, existe até uma data no calendário em que se comemora o Dia Mundial da voz. Anualmente, o evento acontece no dia 16 de abril.
O principal objetivo dessa data é contribuir para que as pessoas se conscientizem sobre os cuidados e a importância da voz. O dia também é marcado por campanhas de combate e prevenção às doenças que podem causar alterações na voz e fala, a exemplo do câncer de laringe e da faringe.
De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em cada ano do triênio (2020/2022), 7.650 novos casos de câncer de laringe serão diagnosticados no Brasil. Esse tipo de câncer, geralmente, apresenta os primeiros sintomas nas cordas vocais.
A fonoaudióloga Jacineide Oliveira, alerta para os primeiros sinais de distúrbios vocais que podem ser percebidos logo na infância. As crianças que apresentam disfonia podem ter dificuldade para relatar acontecimentos e elaborar frases, déficits de memória, troca de sons na fala, problemas de fonação.
Para a profissional que atua na área há dois anos, quando a criança demonstra esses sintomas, a avaliação médica é essencial, pois os problemas na linguagem podem indicar a presença de outros transtornos. As crianças autistas, por exemplo, geralmente sofrem com alterações na fala. Nesses casos, o acompanhamento com o fonoaudiólogo é fundamental. Assim é possível fazer uma avaliação perceptiva-auditiva e acústica e detectar as alterações vocais.
A área é muito atrativa e chamou a atenção da estudante de fonoaudiologia, Valesca de Melo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela conta que não conhecia muito a profissão, mas hoje, cursando o 5º período, ela afirma que não trocaria seu curso por nenhum outro. Um motivo foi decisivo para a escolha profissional. “O que pesou muito também foi o tratamento que minha irmã mais nova fez com uma fono, porque ela tinha gagueira. Fiquei encantada com aquilo, em acompanhar como ela “curou” minha irmã”, elogia o tratamento.
Cuidando das cordas vocais
As nossas cordas vocais precisam de constante cuidado e, às vezes, acompanhamento médico. Geralmente, os pacientes só procuram um profissional de saúde quando apresentam distúrbios nessa região. Um deles é disfagia, quadro em que os pacientes apresentam dificuldades de deglutição.
As pessoas também recorrem às consultas quando estão com rouquidão funcional, nódulos, pólipos ou fenda vocal. Esses problemas resultam do uso excessivo da voz. Alguns casos podem ser completamente revertidos com descanso vocal absoluto, outros podem precisar de intervenção cirúrgica.
Para evitar cirurgias ou outros processos dolorosos, a prevenção é o melhor caminho. Por isso, a fonoaudióloga pontuou alguns cuidados importantes que podem ajudar a prevenir doenças e outros problemas na voz.
- Beba bastante água (em temperatura ambiente) enquanto estiver falando, em pequenos goles.
- Mantenha uma alimentação equilibrada, evitando passar muito tempo em jejum e mastigando bem cada alimento ingerido;
- Coma maçã, pois é adstringente e limpa o trato vocal;
- Use roupas confortáveis e de tecidos que absorvam a transpiração. Roupas leves e folgadas são ideais para quem trabalha com a voz.
- Tenha um sono regular;
- Evite competir com ruídos externos durante a fala;
- Tente não gritar. Se for falar em público, opte sempre pelo microfone;
- Fale pausadamente e de maneira correta, articulando bem as palavras;
- Evite tossir ou pigarrear, respire profundamente pelo nariz e engula a saliva várias vezes ou beba água;
- Evite usar sprays, pastilhas e dropes que possuem efeito anestésico, isso pode mascarar os sintomas de alguma doença e permitir o abuso vocal.
- Reduza o consumo de bebidas alcoólicas;
- Evite bebidas à base de cafeína, refrigerantes, frituras e alimentos pesados, gordurosos ou condimentados, pois podem dificultar a digestão, provocando refluxo;
- Evite cigarro.
Essas são as dicas mais comuns e que servem para o dia a dia, mas, em casos específicos, outras intervenções podem ser necessárias.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil