Segundo informações do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do país, em 1º de junho, 99% das escolas públicas estavam reabertas
O assunto de quando retomar as aulas é uma questão que coloca governantes, gestores, pais e professores muitas vezes em lados opostos. Não há consenso sobre como e quando retornar às salas de aula. Todos devem voltar seguindo protocolos de segurança? Deve-se retomar em ensino híbrido? Permanecer em ensino remoto?
Qualquer sugestão gera polêmica. Neste momento, buscar orientação no exemplo de outros países pode ajudar, aproveitando para saber o que deu certo e o que deu errado e, assim, se inspirar para aplicar um modelo melhor aqui. Olhar para fora é essencial em um momento em que a sociedade aprende a lidar com esse novo vírus.
Entre as nações que decidiram pela retomada das aulas de forma presencial, um bom exemplo é o Japão. No entanto, o que serviu para o país asiático não pode ser simplesmente reproduzido aqui, é preciso adaptar. São evidentes as diferentes situações em que Brasil e Japão se encontram atualmente com relação à pandemia do novo coronavírus.
Nesta quarta-feira (13/8), o Japão havia registrado 50.210 casos confirmados e 1.059 mortes, enquanto o Brasil, na mesma data, encontra-se na marca dos 3.180.758 casos confirmados e 104.528 mortes.
O caso japonês
O estado de emergência em decorrência da pandemia de covid-19 foi implantado em 7 de abril no Japão. Essa medida permaneceu em vigor até 25 de maio, quando foi revogada. Em relatório produzido na reunião de especialista sobre medidas contra a covid-19, divulgado pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão e traduzido pela Embaixada do Japão no Brasil, a contenção de novos casos é atribuída às medidas adotadas no país.
O relatório aponta fatores que foram importantes para reduzir a disseminação do vírus. Entre eles estão: acesso a tratamento médico de alto nível, nível elevado de padrão de higiene pública, alta consciência a respeito da higiene dos cidadãos, detecção rápida e medidas contra a infecção coletiva.
Segundo o documento, a confirmação do primeiro caso em solo japonês ocorreu em 16 de janeiro, e o primeiro caso de transmissão comunitária foi em 28 do mesmo mês. Em 10 de abril, o país atingiu o pico da notificação de novos casos diários. Após a declaração do estado de emergência, em 7 de abril, houve diminuição na disseminação do novo coronavírus.
Reabertura das escolas
Alunos japoneses retornam às salas de aula seguindo medidas de profilaxia
Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia (MEXT) traduzidas pela Embaixada do Japão, em 1º de junho, 99% das escolas públicas do Japão estavam reabertas. Desse total, 55% tinham retornado totalmente, 27% em modo de escalonamento de turmas e 17% com turno reduzido. Desde o fechamento de todas as escolas e a data do levantamento, passaram-se 91 dias.
A Embaixada do Japão avalia que os riscos de contaminação de alunos dentro de sala de aula estão sendo reduzidos em decorrência da adoção de medidas profiláticas. As ações seguem o Manual de cuidados com a higiene, formulado pelo MEXT.
Um time de funcionários da Embaixada do Japão no Brasil se reuniu para responder a questionamentos enviados pela equipe do Eu, Estudante. “Dentre os principais aspectos da experiência japonesa que merecem maior atenção, estão os cuidados em evitar três condições: espaços fechados, aglomerações e contato próximo”, refletem os colaboradores da embaixada.
“É importante a ideia de ‘nova vida cotidiana’, em que serão mantidas medidas básicas contra a infecção, tais como uso de máscara e manter a higiene com a lavagem das mãos”, completam. “Atualmente, há regiões onde se verifica a tendência de avanço da infecção, portanto, mais medidas contra a infecção continuam sendo tomadas, incluindo nas escolas”, explicam.
Futuro das crianças
A Embaixada do Japão informa que, após a desaceleração da pandemia em meados de maio, as escolas começaram a considerar a ideia de retomar a educação devido à sua importância, mas tomando os devidos cuidados, baseando-se na teoria da impossibilidade de zerar o risco da contaminação.
Além de medidas de profilaxia e cuidados para que não haja novos infectados, foram adotados passos para amenizar os déficits de aprendizagem. Com essa premissa, o MEXT anunciou o Pacote abrangente para garantir a aprendizagem das crianças na crise de covid-19. “No Japão, considera-se que o futuro do país depende do aprendizado das crianças”, explica a embaixada do país em Brasília.
Entre as medidas presentes no pacote, está o apoio às escolas com o aumento do quadro de profissionais, prevendo um acréscimo de 3.100 novos professores. Além disso, verbas adicionais serão dirigidas para cada escola. A inovação também tem importância no pacote, sendo dirigidos cerca de 460 bilhões de ienes à aceleração para estruturar ambientes equipados com as TICs (tecnologias da informação e comunicação).
Fonte: Correio Braziliense