Desafio promovido pela SAE tem 13 equipes inscritas e apoio da Mercedes-Benz. Atualmente, não há carros que usam hidrogênio como combustível à venda no país.

Cerca de 150 estudantes de engenharia de 13 equipes trabalham para aproximar os carros movidos a hidrogênio da realidade brasileira.

Eles fazem parte do SAE Brasil & Ballard Student H2 Challenge, uma competição para promover o desenvolvimento da tecnologia no país, e, de quebra, capacitar os alunos para trabalharem com uma matriz energética que deve crescer muito nos próximos anos.

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O desafio é organizado pela SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), que já realiza outros tipos de competição de estudantes em todo o mundo. Para esse específico, ainda há o apoio da Ballard, empresa canadense que produz as células de combustível para veículos a hidrogênio e da Anfavea, a associação das fabricantes de veículos.

Nos próximos meses, os alunos das 13 equipes terão que projetar um carro de corrida que seja movido a hidrogênio. Para isso, os estudantes participaram de 9 cursos oferecidos pela SAE.

Os projetos serão julgados considerando critérios técnicos e financeiros, como as especificações do veículo, desempenho do conjunto elétrico com célula a combustível, o sistema de segurança para o hidrogênio. Também serão avaliados aspectos menos objetivos, como organização da equipe e design do produto.

“O grande desafio não é fazer o carro mais rápido ou mais bonito, mas fazer os primeiros veículos a hidrogênio no Brasil”, disse Daniel Lopes, mentor em Tecnologia e Inovação para Mobilidade com Hidrogênio da SAE Brasil.

Após a eliminatória, restarão 10 times, que receberão um conjunto de célula de combustível da Ballard, para poder construir a versão definitiva do carro. Lopes explica que a maior parte das equipes já desenvolveu seus modelos para outras modalidades de competição.

“Com base neles, vão transformar os veículos para usar as células de combustível e rodar com hidrogênio”, completou.

Um carro movido a hidrogênio utiliza um motor elétrico, assim como aqueles modelos que são recarregados na tomada. A diferença é que energia necessária para colocá-lo em funcionamento pode ser gerada em uma reação química usando água e eletricidade, na chamada eletrólise, ou até mesmo usando etanol como combustível.

Nos dois casos, os líquidos passam por uma reação química que separa o hidrogênio dos demais elementos. Posteriormente, ele vira a eletricidade que vai recarregar a bateria e chegar aos motores.

A Nissan testa veículos elétricos com célula de combustível a etanol no Brasil desde 2017, mas ainda não há qualquer indício de chegada de um carro desse tipo.

Aliás, atrair as fabricantes para apoiar os universitários é outro objetivo do H2 Challenge. Até agora, segundo a SAE, apenas a Mercedes-Benz se propôs a “adotar” uma das universidades.

A relação com a indústria traz um benefício duplo. Para as fabricantes, isso significa ter a tecnologia mais próxima de si, enquanto os estudantes têm a oportunidade de mostrar suas habilidades.

“Está sendo muito empolgante porque os alunos, de forma geral, estão desmotivados com toda a realidade da pandemia, com aulas remotas. E o desafio tem trazido brilho para os olhos deles. Eles estão sendo guerreiros”, disse Lopes.

Os carros são monopostos do tipo “fórmula”, que pesam aproximadamente 200 kg. A potência máxima é de cerca de 6 cavalos, a mesma de algumas outras competições promovidas pela SAE.

O formato da fase final da competição, quando os alunos precisarão colocar os carros na pista, ainda está sendo discutido. A expectativa é conseguir realizar um evento em algum campo de provas, mas tudo depende da evolução do coronavírus no país.

A SAE planeja anunciar a equipe vencedora em novembro, em um evento de mobilidade.

“Temos o desejo que se torne um evento anual. Aí, a partir de então, deve virar uma competição em formato mais tradicional”, disse o mentor da entidade.

Esse maior interesse também pode ajudar a colocar o Brasil na rota do hidrogênio. Hoje, mesmo em países mais ricos, como Alemanha e Japão, carros com essa tecnologia ainda são mais caros do que similares elétricos.

No entanto, o Brasil pode ter um trunfo nessa questão. “Quando pensamos no veículo a hidrogênio, precisamos pensar na infraestrutura de abastecimento. No caso do Brasil, temos condições de ser protagonista. Nenhum outro país no mundo tem um combustível renovável em todo posto, como é o etanol”, afirmou Lopes.

Veja as equipes participantes do desafio para construir um carro a hidrogênio:

Baja UFABC – Universidade Federal do ABC (SP)

B’Energy – Centro Universitário Facens (SP)

Cheetah E-racing – Universidade Federal de Itajubá (MG)

DEDA Team – Centro Universitário Facens (SP)

EEP Baja- Escola de Engenharia de Piracicaba (SP)

Fórmula FEI H2 – Centro Universitário FEI (SP)

Mack Gear – Instituto Presbiteriano Mackenzie (SP)

Mauá Racing – Instituto Mauá de Tecnologia (SP)

Minerva Baja – Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ)

Tec H2 Racing – Senai Cimatec (BA)

Tesla UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais (MG)

UFPR Fórmula SAE – Universidade Federal do Paraná (PR)

Unicamp Baja SAE – Universidade Estadual de Campinas (SP)

Fonte: G1

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