Jogo acontece nesta quarta-feira (5), às 21h30, em Brasília
Neymar continua com prestígio na seleção brasileira. Mas a acusação de estupro que recaiu sobre ele às vésperas da Copa América preocupa também esportivamente. O temor é que o caso tenha influência no desempenho não só do atacante como de toda a equipe. Por isso, o amistoso desta quarta-feira (5) contra o Catar, às 21h30, em Brasília, servirá como uma espécie de termômetro. A expectativa é sobre como o público tratará Neymar e como ele reagirá se for alvo de uma reação negativa.
Oficialmente, o problema extracampo não interferiu na maneira como Neymar é visto pela comissão técnica, por seus companheiros e pela direção da CBF. Na terça-feira (4), em Paris, onde participa do Congresso da Fifa, o presidente da entidade, Rogério Caboclo, descartou dispensar o atacante. "Temos total confiança em Neymar. Sabemos a pessoa que é, o homem que é, o atleta que é e temos total confiança de que tudo vai ser esclarecido", afirmou.
No entanto, ainda que ninguém admita claramente, há o temor de que a repercussão negativa do caso afete a Seleção durante o torneio continental. Neymar tem contra si em São Paulo o Boletim de Ocorrência em que é acusado de estupro por uma mulher de 26 anos, além de uma investigação no Rio de Janeiro por possível crime virtual por ter divulgado imagens da suposta vítima.
Caboclo procura ser otimista e acredita que o foco do grupo não será perdido em função da polêmica. "Não acredito, o ambiente está muito tranquilo. Tentamos levar (o caso) com naturalidade, o mais importante é que não afete os jogadores", afirmou. "Nada está afetando o comportamento da equipe e da comissão técnica. Todos estão focados na Copa América", insistiu.
Manter o foco, aliás, tornou-se uma tarefa extra para o técnico Tite desde que o caso tornou-se público. Na segunda-feira (3), ele concedeu entrevista e, embora mantivesse o tom calmo, estava visivelmente incomodado e constrangido por ter de responder quase exclusivamente sobre a nova confusão envolvendo Neymar. E deixou claro que seu principal objetivo é trabalhar para que nenhuma reação externa abale o ambiente.
"Eu não posso me fazer comentarista e nem me transpor a outras pessoas. Tenho série de responsabilidades, energia para gastar no que é importante, que é a preparação da equipe", disse Tite a certa altura da entrevista. "Quero que vocês entendam que meu foco é a preparação para o jogo contra o Catar, 23 atletas em busca de desempenho. Se eu ficar buscando, fazendo projeções, vai me consumir energia e me tirar do meu foco".
Em seu esforço, o treinador até colocou Neymar como apenas uma peça em toda a engrenagem. "Neymar é um jogador diferente, mas para ele acontecer há um processo. A equipe está acima disso, nosso trabalho está acima disso", afirmou.
Tite, porém, está consciente de que o assunto não será encerrado tão cedo. Até porque o jogador terá de depor enquanto a Seleção ainda estiver reunida. Na próxima semana, quando a delegação estiver em São Paulo - onde vai estrear na Copa América no dia 14, contra a Bolívia -, ele deverá ir à 6ª Delegacia da Defesa da Mulher, onde foi feita a denúncia. A data ainda não foi definida.
Neymar também terá de prestar depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele foi intimado a depor sexta-feira, mas estará em Porto Alegre com a Seleção, onde joga no domingo um amistoso contra Honduras, e a audiência foi adiada. Nesta quarta será definida uma nova data.
Fonte: Estadão Conteúdo