Neste domingo, dia 20 de novembro, o país celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, data escolhida por marcar o dia da morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos de resistência e luta contra a escravidão. E a data é lembrada com uma extensa programação nos quilombos de Helvécia (Nova Viçosa) e em Vila Juazeiro (Ibirapuã).
Para comemorar a data, a Fundação Mamãe África de Caravelas, principal entidade que defende as políticas das comunidades tradicionais no extremo sul da Bahia, participa até domingo (20/11), de um ciclo de atividades culturais, com exposições, palestras, atividades folclóricas do Bate Barriga, Samba de Roda, Capoeira, Dança do Makulelê e amostras dos trabalhos artísticos das comunidades.
Regida pelo Ministério Público do Estado da Bahia e chancelada pela Universidade de Brasília, a Fundação Mamãe África de Caravelas é a principal entidade regional que representa as políticas sociais em favor das comunidades tradicionais remanescentes de quilombolas. Ela é uma instituição que não administra recursos públicos e vive exclusivamente das doações dos seus próprios sócios e dos direitos autorais de artistas que também são membros, para atuar nas ações voluntárias de consolidação dos programas que buscam assegurar os direitos e garantias dos negros na Bahia. E defende a política de inclusão em busca de um desenvolvimento econômico e social, além de uma união entre os governos para efetivação das ações de inclusão produtiva para os quilombolas da região.
O 20 de novembro, é importante para cultura quilombola em todo o Brasil em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. A data é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, e pensando nisso a Fundação Mamãe África de Caravelas homenageia as comunidades quilombolas da região, especialmente Helvécia, no município de Nova Viçosa, Volta Miúda no município de Caravelas e Vila Juazeiro no município de Ibirapuã.
Em Helvécia a Escola de Capoeira Art Bahia com Projeto Arte em Ação realiza seu tradicional Encontro de Capoeira comemorando seus 22 anos de resistência com a presença de vários mestres de capoeira da região e ex-alunos que alcançaram altos vôos. Em parceria com a Associação Quilombola de Helvécia, o mestre de capoeira Reginaldo Cecílio, o “Mestre Regi” ainda está promovendo nas escolas como parte da programação da semana da consciência negra, batizados infantis e arrastão pelas ruas, além de uma outra extensa programação folclórica que mostra a rica e bela cultura negra de Helvécia.
Em Vila Juazeiro, serão três dias de festividades, entre shows artísticos, bandas de axé e forró, capoeira, Bate-Barriga e samba de viola. Conforme Valmir Américo Chaves, presidente da Associação Quilombola de Vila Juazeiro este ano o povoamento celebra a 5ª festa da consciência negra com uma programação típica para notabilizar a cultura negra. Sendo que na sexta-feira (18), além da apresentação do grupo gospel Ministério de Decisão, terá o cantor fruto da terra Samuel Américo e a dupla Maciel e Jociel. No sábado (19) a noite será a vez da apresentação das Bandas Forró Pegada, Cia & Bregadeira e Forrozão Sertanejo. No domingo (20) será a programação cultural e exposição o direito inteiro.
Para a professora e bióloga Carina dos Santos Borborema, titular do Conselho de Curadores da Fundação Mamãe África de Caravelas, lembrar a força do negro e o valor deste povo é mais que merecido. “Não podemos deixar de comemorar tantas vitórias contra o preconceito e os avanços deste povo tão forte, lutador, querido e belo”, destacou a conselheira Carina Borborema.
O dia da Consciência Negra é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos 20 anos. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data histórica para se lembrar da resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro em 1549 pelo porto de Caravelas.