Na segunda temporada, Malu sai do coma e Adélia vai casar com Capitão
Aquele Rio de Janeiro encantador, o figurino deslumbrante, as mulheres lindas, as praias de beleza exuberante... tudo continua presente em Coisa Mais Linda, produção da Netflix, que tem a segunda temporada exibida a partir de sexta-feira. Mas agora as mulheres chegam mais fortes e unidas, dispostas a enfrentar o machismo da época, ainda mais intenso que hoje. Afinal, estamos falando do final dos anos 1950 e início dos anos 1960.
Maria Casadevall, com sua Malu, continua como centro da trama. Mas as mulheres protagonistas ganham uma nova companhia: Larissa Nunes, que, no papel de Ivone, ganha mais destaque na história. “A série propõe ampliar o núcleo negro e a gente dá luz a esse debate que precisa ser continuado aqui. É oportuno ver esses personagens se desdobrarem e esse debate é muito próximo do momento que vivemos”, afirmou Larissa em entrevista por videoconferência.
Maria também reforça o teor sociopolítico da série, que, para ela dá um importante espaço a discussões envolvendo opressões de raça, de classe e de gênero. “A gente aborda o feminicídio no final da primeira e no início desta segunda temporada. Há uma linha histórica de 500 anos de opressão e violência no Brasil. A série, além disso, aponta uma analogia entre os anos 1960 e os tempos atuais”, afirma a atriz.
Ivone
Nesta nova leva, que tem seis episódios, Malu está recuperando a saúde, depois de ter entrado em coma, em razão do tiro que levou no final da temporada anterior. Naquele mesmo dia, sua amiga Lígia (Fernanda Vasconcellos) também foi atingida por um disparo feito pelo seu marido, Augusto, interpretado por Gustavo Vaz, que permanece na história.
Malu é ainda proprietária de um clube de bossa que leva o nome da série e ela continua sócia de Adélia (Pathy Dejesus), que é negra e tem origem pobre, ao contrário da parceira, uma paulistana de classe média alta. Agora, é a irmã de Adélia, Ivone, que ganhará destaque ao ascender como artista e já não se comportará mais como aquela adolescente típica.
Larissa Nunes traça um paralelo entre sua personagem e Lígia, ambas cantoras: “De alguma maneira, o legado musical de Lígia continua nesta temporada, através da própria Ivone. Há uma diferença de classe entre as duas, mas algo une a história das duas de um jeito muito bonito”. A atriz compara sua personagem a outras cantoras negras, como Elza Soares, que, segundo ela tiveram as mesmas dificuldades de Ivone, tendo que enfrentar obstáculos como o machismo e o racismo.
Outro personagem do núcleo musical da série é Roberto, empresário vivido por Gustavo Machado. O ator, que já havia interpretado o produtor musical Ronaldo Bôscoli no filme Elis, traça uma comparação entre os dois papéis: “Eles são 'primos', mas Bôscoli era um cara da noite, mais caótico e dionisíaco. Roberto é um empresário, mais frio, mais controlado, enquanto Bôscoli era pura emoção e uísque”.
Entre as novidades do elenco, está Eliana Pittman, cantora que surgiu nos anos 1960 e já realizou alguns trabalhos esparsos como atriz. Ela vive a mãe de Capitão, interpretado por Ícaro Silva. Para o ator, a chegada da personagem é importante: “Na segunda temporada, exploramos de forma bonita o afeto preto, como Capitão se relaciona com sua família. Estamos num país que precisa olhar para o seu passado. Trazer essa afetividade preta para nossa tela mostra que precisamos discutir essa questão e entender que há uma ferida aberta”.
Fonte: Rede Bahia