O laudo, em que foi elaborado pela perícia requisitado pelo delegado Dr. Marcus Vinícius, apontou diversas irregularidades no local da tragédia ocorrida na madrugada do dia 19 de fevereiro, que culminou com a morte do adolescente David Neres dos Santos, de 15 anos, que morreu ainda no local da tragédia, e Nayara Rubbia Fonseca oliveira, 24 anos, que morreu no dia 22 de fevereiro.

Dentre as irregularidades, o perito destaca que em uma análise preliminar no local do acidente, identificou dentre os destroços da cobertura do camarote, a presença de um poste de iluminação pública totalmente destruída, juntamente com as ferragens da estrutura da referida cobertura, e que ao se aproximar da base do poste, o perito ainda pode registrar que o mesmo exibia, suas ferragens longitudinais em processo de deterioração por ação da ferrugem e maresia.

Poste esse, que, na sua queda, provocada pela sobrecarga exercida pela pressão da cobertura do camarote (de responsabilidades do Macaco Prego e do TM 21), e de acordo com a configuração dos vestígios encontrados (estado final e a posição em que se encontrava a vítima), interfere-se que o mesmo foi o causador e responsável direto pelas lesões que proporcionaram a morte do adolescente David Neres de Souza.

A ausência de grandes partes dos parafusos de fixação já comprometeria a segurança de toda estrutura, que ficou mais fragilizada e vulnerável devido à ausência de cabos de aço, fato esse que possibilitou o perito a construção do quadro comparativo com a estrutura montada para o palco principal.

As combinações das irregularidades não seriam por si só, capazes de produzir o deslocamento mecânico de toda estrutura montada, todavia por ser uma estrutura planejada para atender á presença de grande fluxo de pessoas, seriam necessário e obrigatório que todos os parafusos de fixação estivessem presentes nas ligações parafusadas, tanto nas ligações das bases, quanto nos pontos de união das torres, assim como os cabos de aço em cada torre de sustentação.

Diante de tantas irregularidades na montagem do camarote, com base nos resultados dos exames e observações efetuadas, o perito concluiu como morte de natureza jurídica acidental por negligência na montagem da estrutura a morte de David Neres da Silva, uma vez que, no projeto de estruturas metálicas deste tipo, o dimensionamento das ligações (áreas de solda, bitolas dos parafusos e quantidade de parafusos por ligação), bem como a utilização de tirantes, já leva em consideração as chamadas cargas excepcionais (força do vento e chuva), as quais devem estar previstas em todos os cálculos.

Agora se espera que com a divulgação do laudo, que já está nas mãos do delegado coordenador Marcus Vinícius, sejam tomadas as medidas punitivas aos responsáveis pela montagem do camarote, exploração comercial do local, e também as pessoas que deram aval técnico, que dava condições de uso do camarote.

Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews