Alcobaça: Mulher dá à luz a uma criança prematura de 07 meses, em casa, o SAMU é solicitado, conduz a mãe para hospital, e deixa a criança enrolada em um lençol com familiares, sem nenhuma orientação do procedimento a ser tomado para com a criança. O caso aconteceu na noite desta terça-feira, 07 de janeiro, no distrito de São José, no município de Alcobaça, quando a gestante Rosilene de Oliveira Pereira, de 26 anos, teria entrado em trabalho de parto, e familiares tentaram pedir ajuda para levá-la para o hospital, mas, não houve tempo, e a criança do sexo feminino nasceu prematuramente. O bebê se chamaria "Eloá Pereira".
Segundo os familiares, eles acionaram o SAMU através do 192, e ao chegar, cortaram o cordão umbilical e informaram que a criança estaria morta, realizando a condução da mãe para a Unidade Hospitalar de Alcobaça, deixando a criança enrolada em um lençol, e não falaram mais nada para os familiares. Por se tratarem de pessoas humildes e sem conhecimento, alguns familiares expressaram suas opiniões, para que a criança fosse enterrada nos fundos da residência, ou que levassem para o cemitério e a enterrasse. Mas, um amigo da família, e testemunha do ocorrido, o Senhor Adeilson Rocha, conhecido na comunidade como "Apóstolo", orientou que a família deveria comunicar o fato na delegacia.
O Adeilson informou à família que somente na delegacia eles poderiam receber as orientações e documentações para o sepultamento da criança, por meio de uma Declaração de Óbito. O caso foi levado até a Delegacia de Alcobaça, onde foi feito contato com o delegado titular, Maderson Souza, que passou as orientações, e orientou que o procedimento fosse registrado no plantão da 8ª COORPIN em Teixeira de Freitas, devido ao horário do ocorrido. Os familiares, juntamente, com o senhor Adeilson, e o corpo da criança, se deslocaram para Teixeira de Freitas, e apresentaram a situação para o delegado de plantão, Dr. Bruno Ferrari.
O delegado ficou chocado com a situação, tomando as devidas providências, encaminhado o corpo da criança para a realização de necropsia no IML. A tia da criança, a senhora Mariana de Oliveira Pereira, 25 anos, que estava acompanhado toda a situação, disse à nossa reportagem: "A minha sobrinha foi tratada como um animal qualquer pelos profissionais do SAMU que estiveram em nossa casa, pois, deixaram o bebê enrolado de qualquer jeito, e não disseram nada do que teria que ser feito. Só falaram que estava morta, e levaram a minha irmã para o hospital. Nós não sabemos se a criança já nasceu morta ou se morreu depois”.
E acrescentou: “Tivemos que colocá-la dentro de uma caixa de sapato para sair à procura de orientações do que teria que ser feito para que pudéssemos enterrá-la de forma digna, que todo ser humano tem direito", concluiu a tia, de forma emocionada. A nossa equipe falou também com o Adeilson "Apóstolo", que ajudou a família. "Quando eu presenciei toda aquela situação, perante uma criança, e o descaso daqueles profissionais da saúde, que a deixaram para trás. Caso eles não pudessem fornecer o atestado de óbito, que levassem o corpo da criança junto com a mãe, para o hospital, e comunicassem o caso a Polícia, caso não houvesse dúvida”.
O senhor Adeilson acrescentou: “Eles não deveriam ter feito o que fizeram, tratando um bebê como se fosse um animal. Sequer, orientaram os familiares sobre o que deveria ser feito. Isso foi uma grande falta de respeito e de profissionalismo daquelas pessoas, concluiu expressando sentimento de revolta. O delegado Bruno Ferrari abriu procedimento para apurar se houve negligência no atendimento prestado pelos profissionais do SAMU, bem como, o que houve com a criança, se ela pode ter nascido com vida e veio a óbito em seguida, se aconteceu um infanticídio, um aborto, ou se a criança já nasceu morta.
Segundo o delegado, o laudo da necropsia poderá apontar qual dessas possíveis situações teria ocorrido. O caso será encaminhado para o delegado titular de Alcobaça, Maderson Souza, que dará continuidade às apurações. Até o fechamento da matéria, a nossa equipe não conseguiu obter informações sobre o quadro clínico da mãe da crianças, a senhora Rosilene de Oliveira, que se encontra internada no Hospital de Alcobaça.
Por: Cloves Neto/Liberdadenews