Nova Viçosa: As trabalhadoras da empresa Tecnoplanta Florestal LTDA, responsável pelo viveiro de mudas de eucalipto da Suzano S/A, localizado na comunidade de Helvécia, no município de Nova Viçosa-BA, estão em greve há 16 dias, desde 8 de janeiro, conforme informado pelo SINTREXBEM.
Segundo Lourival Junior, presidente do SINTREXBEM, a Suzano S/A afirma não ter responsabilidade sobre a situação, alegando uma relação comercial restrita com a Tecnoplanta. No entanto, Lourival Junior destaca que a Suzano construiu o viveiro em sua propriedade e realiza inspeções frequentes no local. Ele compara a situação à uma expressão popular: "tem pé de porco, orelha de porco, focinho de porco e rabo de porco", sugerindo que a Suzano tenta disfarçar sua responsabilidade.
A paralisação começou devido à falta de uma proposta justa para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho. A última proposta incluía uma cláusula punitiva que prejudicaria as trabalhadoras, como a perda do direito ao vale-alimentação para aquelas que apresentassem atestado médico de comparecimento.
As trabalhadoras, temendo represálias, pediram para não serem identificadas, mas relataram um ambiente de trabalho hostil. Cobranças públicas e vexatórias, alimentação inadequada com presença de insetos e vidro, e restrições para usar o banheiro, inclusive para gestantes, foram algumas das situações mencionadas. As gestantes, mesmo com sinais de desconforto, são impedidas de descansar ou sentar-se.
Um relato gravíssimo refere-se aos uniformes: as calças fornecidas rasgam entre as pernas, e para trocá-las, as trabalhadoras precisam mostrar o defeito, expondo-se, geralmente, a um homem.
Silvânio Oliveira, diretor do SINTREXBEM destaca que o viveiro, sendo um dos setores com maior representação feminina na cadeia produtiva da celulose, apresenta o menor salário, que não ultrapassa um salário mínimo. Ele critica a Suzano S/A por promover igualdade de gênero na propaganda, mas não na prática.
A Suzano, em parceria com o Pacto Global da ONU e com apoio da OIT, lançou uma iniciativa para promover direitos humanos e trabalho decente no setor florestal. No entanto, Silvânio Oliveira acredita que esta ação serve apenas para melhorar a imagem da empresa.
As trabalhadoras do viveiro são principalmente de três comunidades quilombolas: Helvécia, Juerana e Cândido Mariano. Essas comunidades enfrentam condições indignas de trabalho, e Silvânio Oliveira ressalta a necessidade de mudar essa realidade para garantir trabalhos dignos e apropriados.
Por: Liberdadenws/Ascom