Demonstrando profunda indignação com a reportagem intitulada “A herança do MST na Bahia”, publicada na página 122 da revista Veja, edição de 11/05/2011, a vereadora Justina Souza Cruz, a "Tina" (PMDB), fez eloqüente pronunciamento durante a reunião de quinta-feira (26/05), na Câmara Municipal de Mucuri.
Segundo ela, o conteúdo da matéria é totalmente desrespeitoso e agressivo à população pobre de Mucuri e de municípios vizinhos do extremo sul baiano. Tina citou determinado trecho da matéria, que diz: “A cadeia da bandidagem é complexa. Na base, estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de 600 reais mensais para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo”.
Considerando tratar-se de uma publicação que informa ter tiragem semanal de 1 milhão e 230 mil exemplares, a vereadora reagiu: “É triste depararmos com uma reportagem dessa natureza numa revista do porte da Veja, mencionando que 3 mil pessoas vivem do roubo de eucalipto. Acho que os editores da revista não têm conhecimento da realidade em nossa região, não sabem sequer onde fica Mucuri, nunca vieram aqui ver o sofrimento do povo, ver de perto a verdadeira verdade. Eles não sabem como vive o povo de Mucuri, que o nosso solo é 75% ocupado com plantações de eucalipto e cana-de-açúcar para abastecer grandes empresas, e que pouco ou quase nada na área social é realizado em prol da população”.
A matéria de revista reproduz declaração de Robson dos Santos Lima, morador nativo, homem pobre do Município, que admite: “Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo”. A vereadora ponderou: “Evidentemente que não sou favorável a qualquer ato ilegal, nem vou abonar a declaração do senhor Robson, mas, diante da situação, até tiro o chapéu para a sua coragem e firmeza na declaração”.
Após a reunião, falando à imprensa, a vereadora "Tina" comentou que “informações tão polêmicas assim, que mexem com o dia a dia de milhares de famílias e expõem a realidade de uma região inteira na mídia nacional, precisam ser melhor analisadas e checadas pelos órgãos de imprensa, que devem vir conhecer a realidade, vivenciar essa realidade. O princípio do jornalismo recomenda ouvir os dois lados da questão, passar informações verdadeiras ao leitor, e não fazer abordagem tendenciosa. Acho que essa matéria da revista Veja merece um ato de repúdio por parte de todos nós”.
Deterioração da BR-101
No mesmo pronunciamento, a vereadora criticou informação do Ministério dos Transportes, relativa ao projeto de duplicação do trecho da rodovia BR-101, entre a divisa do Espírito Santo e a cidade de Eunápolis, que foi anunciado oficialmente, mas sem data para iniciar, e que o DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) fará uma recuperação emergencial do mencionado trecho, que tem 209 quilômetros de extensão, serviço que antecederá às obras de duplicação.
Para Tina, “a péssima situação da BR-101 pode ser atribuída, em grande parte, ao enorme fluxo de carretas pesadas que transportam eucalipto para abastecer as grandes empresas, como Suzano e Fíbria. Agora, vem o senhor Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do DNIT, falar em serviço emergencial na rodovia! Ora, este mesmo senhor é denunciado no Ministério Público Federal por desvios de recursos e superfaturamento de verbas que são destinadas aos transportes.”
A vereadora disse, ainda, que não é justo ouvir pessoas falando de que vereador não cobra, de que o prefeito não cobra. “Os vereadores cobram, sim; o prefeito cobra, sim; todos nós cobramos, exigimos, reivindicamos, encaminhamos documentos às esferas estadual e federal do governo, denunciando a situação da BR-101 e tantos outros problemas com os quais o povo de Mucuri e da região convive diariamente. Lamentavelmente, na maioria das vezes não obtemos respostas.”
A vereadora "Tina" concluiu dizendo: "Quero dizer uma coisinha a população de Mucuri, o povo que eu conheço, com quem eu convivo, que eu vou às suas casas, que eu olho no olho, este povo não quer esmola, só quer oportunidade, respeito e cidadania, e que suas famílias sejam respeitadas”.
Por Ademir Junior