Oito vereadores e dois empresários envolvidos em um esquema de corrupção desmontado pelo Ministério Público estadual no município de Mucuri, estão presos e foram denunciados à Justiça pelos promotores de Justiça Milena Moreschi e Pablo Antônio de Almeida. Dentre os presos, sete integrantes da Câmara de Mucuri, todos acusados de receberem propina para apressar e aprovar votação de projeto de lei que beneficiaria empresa do setor urbanístico em prejuízo do interesse público, e um vereador de Nova Viçosa. Também denunciados por participação no esquema, mais um vereador e um ex-parlamentar de Mucuri encontram-se foragidos.
Desencadeada na última quinta-feira, dia 22, a ‘Operação Caribe’ já cumpriu 10 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no extremo-sul da Bahia. As provas obtidas durante a sua execução comprovam que o projeto de lei que beneficiaria a ‘Sociedade Empresária Vescove e Campos Ltda.’ fora aprovado apressadamente pelos vereadores em duas votações distintas, que ocorreram num intervalo de menos de quatro dias (15 e 19 de dezembro). Além disso, documento encontrado na residência do presidente da Câmara, Carlos Gonçalves de Souza, vulgo “Tazinho”, ratifica a informação de que cada vereador recebeu previamente à aprovação da lei a quantia de R$ 10 mil.
Apenas dois deles teriam recebido R$ 5 mil, pois haviam escolhido completar os R$ 25 mil acordados para aprovação total do projeto em lote.
Segundo os promotores de Justiça Milena Moreschi e Pablo Antônio de Almeida, que desenvolveram a operação com o auxílio dos promotores Ariomar Figueiredo e Marcos Pontes e de policiais integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), que é coordenado pela promotora de Justiça Ediene Lousado, dos nove vereadores que integram a Câmara Municipal de Mucuri, oito estariam envolvidos no esquema criminoso.
Apenas uma vereadora que não se encontrava na função à época da pactuação da ação criminosa está fora do esquema, informam eles, lembrando que ela assumiu a vaga de Agripino Botelho Barreto, que renunciou ao mandato logo após o recebimento da primeira parcela. Agripino e o vereador Manoel Negino Cruz, que apresentou gravação ambiental da proposta de corrupção ao MP, encontram-se foragidos.
Estão presos o presidente da Câmara, os vereadores de Mucuri Roberto Alves dos Santos, Gisele Aparecida Gazzinelli, Márcio Machado, Roberto Bastos, Wilson Cabral, Justina Cruz e os sócios da empresa ‘Vescove e Campos Ltda, Wilsom Campos dos Santos (vereador de Nova Viçosa), Arlei Vescove e Alan Campos.
Todos os denunciados se envolveram no esquema que consistia em pagamento pela Vescove e Campos de quantia individual de R$ 25 mil para rápida tramitação e aprovação de projeto de lei que daria regularidade ao empreendimento “Loteamento Caribe”, que estava sendo construído pela empresa sem autorização dos órgãos públicos em área legalmente inviável.
Quatro vereadores chegaram a confessar que receberam o dinheiro, sendo que todos foram denunciados por corrupção passiva, os empresários por corrupção ativa (confessaram o oferecimento de lotes e a contraproposta dos vereadores para pagamento de propina) e o presidente da Câmara pelos dois crimes, pois, segundo as apurações, foi ele quem coordenou o esquema, negociando o valor e forma de pagamento da propina.
O vereador Manoel Negino que apresentou a gravação ao MP também foi denunciado, pois, de acordo com os promotores de Justiça, ficou comprovado que ele omitiu a participação da vereadora Justina Cruz no esquema, manipulando informações, porque tinha o interesse de formar aliança com ela para “derrubar os opositores e alcançar promoção política”. Ele não teve o interesse de promover a moralização do Legislativo local, sinalizam os promotores, destacando que o interesse do vereador era “malicioso”, para garantir vantagem em relação aos adversários.
Por: Liberdadenews/Ascom e MP