O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas abriu nesta sexta-feira, 15, um inquérito civil público para investigar a pressão do Ministério da Saúde para que fosse priorizada a distribuição de “tratamento precoce com eficácia questionada” pela rede pública de Saúde estadual e municipal e não oxigênio, mesmo após avisos do possível desabastecimento.
O sistema de saúde de Manaus vive uma crise sem precedentes com o avanço dos casos de Covid-19. As internações na capital do estado do Amazonas, nos últimos dias, bateram recordes e unidades de saúde ficaram sem oxigênio e, por isso, pacientes estão sendo transferidos para outros estados.
O MPF cita no despacho que, enquanto o governo do Amazonas, no dia 10, já informava outros governadores da iminente crise no abastecimento de oxigênio em Manaus e no restante do estado, e pedia ajuda, o Ministério da Saúde já pressionava sobre a cloroquina nos ofícios preparatórios da visita ministerial de 11 de janeiro.
“Cabe apurar, desse modo, se mesmo diante da perspectiva de grave falta de oxigênio, houve opção de agentes públicos por recomendar tratamento de eficácia questionada em vez de envidar esforços imediatos para, com a urgência necessária, abastecer as unidades hospitalares com o insumo ou coordenar os esforços logísticos para transferir a outros estados pacientes então hospitalizados no Amazonas”, diz o órgão em documento obtido pelo portal UOL.
O documento do MPF foi assinado pelos procuradores da República José Gladston Viana Correia, Thiago Augusto Bueno e Catarina Sales Mendes de Carvalho.
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Amazonas recebeu denúncia de que médicos atuantes em UBS em Manaus “teriam sido coagidos a receitar “tratamento precoce” para Covid-19, o que careceria de comprovação científica e desconsideraria a liberdade de atuação dos profissionais na melhor determinação da prescrição médica”, completa o documento.
Fonte: Atarde