Caravelas: Com o apoio da Prefeitura Municipal de Caravelas, através da Secretaria de Ação Social, foi realizada nesta segunda-feira, 20 de abril, na quadra coberta às 10h00, uma palestra e várias demonstrações de habilidades com a boca pelo professor e artista plástico Gonçalo Borges. O secretário de Ação social de Caravelas, Fabio Pinheiro, mobilizou toda sua equipe na divulgação do evento para proporcionar a população de Caravelas uma impressionante e especial apresentação de Gonçalo Borges para a comunidade local. História de uma lição de vida contada por Gonçalo Borges em Caravelas.
Conheça um pouco da história deste artista: Novo Horizonte, Estado de São Paulo, 08 de janeiro de 1952, foi ali, naquele instante, que eu, Gonçalo, nasci, tendo como paisagem de fundo a fazenda onde meus pais trabalhavam. Contando todos, éramos seis: mamãe, meu pai, meus dois irmãos, eu e vovó. Aliás, foi ela, vovó, quem fez meu parto. Um susto que não esqueceu nunca! De repente, olha um bebê vindo ao mundo com as pernas para cima dos ombros e, entre elas, os braços! Uma maneira original de nascer, que ficou marcada em sua memória até o fim da vida. E foi numa casa de pau a pique, sem nenhum recurso hospitalar...
Mas, eu já estava aqui, no planeta, e não pretendia deixar cair a peteca só por causa de alguns detalhes de design genético. E não deixei. Desde cedo, minhas artes começaram, em todos os sentidos. Talvez com medo de me deixarem sozinho enquanto davam duro na roça, meus pais me levavam com eles para o trabalho. E foi lá, esperando que terminassem o serviço, que aconteceram minhas primeiras tentativas de trocar literalmente as mãos pelos pés, que usava para abrir garrafas de água ou café. Orientados por alguém, meus pais vieram para São Paulo, a capital, buscar ajuda para meu caso no Hospital das Clínicas.
Não foi fácil. De repente, virei matéria de estudo, passando por vários exames de saúde física e até por testes psicológicos, talvez para verificar meu estado emocional, que na verdade sempre foi, por paradoxal que seja, simplesmente ótimo. Lá, me submeti também a uma cirurgia no braço esquerdo, próximo à região do cotovelo, visando facilitar movimentos. Facilitou mesmo! Quando tinha 17 anos, um acontecimento marcante: um amigo, que trabalhava como office-boy, foi buscar para seu patrão uns cartões de Natal e comentou com a pessoa que o atendeu sobre mim. Eles ficaram interessados em me conhecer e marcamos um encontro. Quando me viram, foi uma grande surpresa.
Não podiam imaginar que eu era a pessoa que eles estavam esperando. Esta empresa chama-se Associação Pintores com a Boca e os Pés. Na época, o Sr. Carlos Henrich, hoje já falecido, era o diretor responsável pela publicação e vendas dos cartões. Ele fez uma visita a minha casa, pediu que mostrasse meu trabalho. Em seguida, me apresentou à diretoria da Associação para uma avaliação. Foi quando, aprovado como artista bolsista, passei a receber para estudar desenho e pintura. Então, após quase um ano, tive minha primeira obra publicada nos cartões de natal. Finalmente! Daí, não parei mais. Fiz cursos de desenho e pintura, primeiro por correspondência, depois numa escola de desenho e pintura do Sr. Sarau. Tive também um professor particular.
De início só pintava com tinta óleo, mas, quando ganhei um curso de desenho e pintura na Associação Paulista de Belas Artes, aprendi a pintar com tinta aquarela e guache e, o que é mais importante, estendi muito minha experiência, trabalhando com modelos ao vivo, nus e outras situações. Sempre querendo melhorar e me aperfeiçoar, prestei vestibular e cursei Comunicação Social (propaganda), enquanto fazia layouts para algumas agências de publicidade e pintava para a Associação. No ano de 2000, deixei de ser um simples bolsista e passei a ser membro da Associação. Com isso, ganhei o direito a voto em decisões da direção da organização, que já está em mais de 60 países e tem aproximadamente 500 artistas em todo o mundo.
Fonte: Ascom