Inclusive nos Estados Unidos, pessoas e empresas se sensibilizam com histórias de atletas que perderam auxílio de R$ 370,00. Canoísta que passava fome já recebeu cestas básicas
Gratidão. Esse é o sentimento que impera entre os atletas prejudicados pelo corte do bolsa atleta e que fizeram parte da reportagem exibida no último domingo no Esporte Espetacular e publicada no GloboEsporte.com. Caio Vieira (canoagem velocidade), Eduardo de Souza (judô) e Thamires Machado (wrestling) sentiram o impacto real da solidariedade dos brasileiros. Pessoas que moram até fora do Brasil procuraram cada um deles para ajudar com comida, roupa e até renda mensal.
- Eu nem sei como agradecer. Depois da matéria recebemos em seguida cestas básicas na nossa casa. Estamos muito felizes com a ajuda das pessoas. Teve gente de São Paulo, do Tocantins, do Ceará, de tudo que é lugar para nos ajudar. O dono de um restaurante nos ofereceu auxílio com passagens e renda mensal, uma moça de uma empresa de São Paulo ficou de nos mandar roupa. É tanta coisa, não tenho palavras - disse Jania Rodrigues, mãe de Caio.
Proprietário de uma rede de restaurantes em dois estados do país, Daniel Oliveira se sentiu cativado pela história do canoísta de Porto Nacional, que passando fome nunca deixou de treinar. Morador de Palmas, ele já marcou uma visita à casa do atleta e está disposto a ajudar com o necessário.
- Temos um conceito de empreendedorismo social e vamos apoiar o atleta. Vamos ajudar com uma bolsa como a que tiraram dele, com cestas básicas, roupas para treino com a nossa logo, além de ajudar nos campeonatos e viagens. Se não tivermos como arcar com tudo, nossa ideia é juntarmos outras pessoas na causa, já que no restaurante passa muita gente - disse o proprietário da rede Dona Maria Beach.
Wellington Aires, criador do projeto social de canoagem que Caio faz parte, afirmou que o impacto poderá ser sentido de uma forma ainda mais abrangente.
- A gente está sendo procurado por pessoas para ajudar não só o Caio, mas os outros meninos do projeto. Surgiu a ideia de criar um grupo 'amigos da canoagem' para bancar pelo menos o café da manhã dos meninos para que eles possam treinar com uma alimentação reforçada. Tem gente da capital (Palmas) nos procurando, até outros esportistas - disse o fundador do projeto "remando para a cidadania".
Até nos Estados Unidos
Professora de Educação Física por 21 anos no Paraná, Ana Maria Rufino procurou a reportagem do GloboEsporte.com diretamente dos Estados Unidos.
- Como professora de Educação Física, que teve uma equipe de handebol, sei muito bem o quanto o esporte muda, transforma a vida das crianças, dos adolescentes. É preciso investir na base, investir pesado, evitando futuros gastos com tratamentos tóxicos e cadeias. O Brasil precisa acordar. Trabalho limpando casas aqui, meu trabalho é árduo, mas pelo menos um pouco de dinheiro irei mandar para esse guerreiro - disse Ana Maria, de Boston.
Esperança no Jacarezinho
Thamires Machado estava disputando uma seletiva, quando a matéria foi ao ar no Esporte Espetacular. Quando ela chegou em casa e ligou o celular foi bombardeada por mensagens de motivação e até auxílio financeiro.
- Advogado, empresários, pessoas simples. Até agora recebi R$ 150,00, que irei pagar o campeonato do proximo mês. Me senti feliz, pois não esperava mesmo, estava em uma seletiva nacional, tirei o 1° lugar no momento da reportagem. Cheguei em casa muito cansada, quando carreguei meu celular vi muitas mensagens de motivação. Acho que as palavras de motivação não se comparam ao dinheiro. O dinheiro acaba, mas essas mensagens vou guardar para o resto da vida - disse Thamires.
Vaquinha no Ceará
Em Fortaleza, Eduardo foi surpreendido com a movimentação de um médico. Ele, junto com outros colegas de profissão de São Paulo, criou um grupo para tentar juntar fundos para o próximo campeonato que o atleta se classificou. O jovem precisa de R$ 3.851,98 para competir o Circuito Europeu de judô. Ainda com o boleto em mãos, a família sonha com a possibilidade dele viajar para a Espanha.
- Eu vou acreditar até o último minuto, depois a gente volta para a realidade. Eu já tinha entregado folhetos, mandando mensagem em redes sociais pedindo ajuda. Depois que os judocas de vários estados assistiram à reportagem, ele começou a receber mensagens e esse grupo foi criado para juntar o dinheiro da viagem - disse Maria de Jesus Domingos, mãe de Eduardo.
Fonte: Globo Esporte