Respirar bem melhora o desempenho no esporte. Veja como fazer o ar fluir melhor
Duas cirurgias e uso freqüente de dilatadores nasais não surtiram o efeito esperado. Marizete Rezende continuou exibindo semblante de dor sempre que disputava provas de média e longa distância. “Apesar de todo o tratamento, uma alergia crônica não me deixa respirar direito. Por isso faço tantas caretas”, explicou a atleta, logo após vencer a São Silvestre de 2002.
As caretas são apenas o mais visível dos prejuízos causados a atletas que não conseguem respirar livremente. “A qualidade da respiração influencia diretamente a performance esportiva, independentemente da modalidade. Não é um mero detalhe. Ao contrário: pode separar um campeão de um competidor comum”, explica o treinador Adauto Domingues, especialista em corridas de resistência.
Respirar bem no esporte não significa apenas cumprir o roteiro básico de puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca. Essa é, na verdade, a seqüência seguida pelo corpo humano quando está em repouso. “Cerca de 80% da respiração ocorre pelo nariz quando estamos descansando. A atividade física gradualmente inverte o processo. Como o volume de oxigênio exigido é maior, é pela boca que captamos 70% do volume que precisamos durante o esforço”, diz José Alberto Neder, professor livre-docente em pneumologia pela Unifesp.
A Go Outside ouviu especialistas e elaborou um roteiro para que essa transição seja feita numa boa, sem te deixar sem fôlego nem comprometer seu desempenho.
A regra
O oxigênio é o principal agente da atividade cardiovascular. Portanto, use nariz e a boca para obtê-lo durante o esporte. Quanto mais, melhor.
O começo
Durante o aquecimento, é recomendável utilizar bastante o nariz para sugar o ar, pois ele funciona como um condicionador aéreo que ajuda a te proteger de doenças respiratórias, como irritação nas vias aéreas e até asma induzida pelo esporte.
O auge
Com o aumento da intensidade, abra a boca para deixar o oxigênio entrar. O ideal é inspirar e expirar pela boca e pelo nariz simultaneamente. Mesmo quem tem rinite ou desvio de septo não deve descartar o nariz, mesmo que não consiga utilizá-lo plenamente.
O ritmo
Não há um intervalo específico para a respiração. O próprio corpo costuma impor o ritmo. Existem, porém, algumas técnicas, usadas especialmente em corridas: 1×1 (uma inspiração seguida por uma expiração), 2×1 (duas inspirações seguida por uma expiração), 2×2 (duas inspirações seguidas por duas expirações). Não é preciso eleger apenas uma durante a prova ou treino. Mesclá-las ajuda o organismo a escolher a mais eficiente para cada situação.
O erro mais comum
É forçar a respiração somente pelo nariz durante atividade física intensa. O corpo não vai absorver todo o oxigênio que precisa. Como conseqüência, aparecem o cansaço e a fadiga muscular.
O bloqueio
Prender a respiração por longos períodos é recomendável apenas em provas rápidas de natação, pois economiza movimento e diminui o atrito, já que para buscar o ar o atleta precisa tirar a cabeça da água.
O acessório
Vendido como aparelho que facilita a respiração no esporte, o dilatador nasal, coqueluche entre atletas na última década, nunca foi unanimidade entre pesquisadores. Não por acaso, praticamente sumiu do rosto de esportistas de elite.
Fonte: Go Outside