O juiz titular da 1ª Vara Criminal de Aracruz, Tiago Fávaro Camata, proferiu na última terça-feira (15) duas sentenças condenando ex-vereadores do município pelo envolvimento em esquemas de corrupção ativa, passiva, formação de quadrilha, práticas de rachid e contratação de funcionários fantasmas.
Na ação penal de nº 0016272-38.2012.8.08.0006, proposta pelo Ministério Público Estadual, 09 reús foram condenados por terem solicitado e recebido propina da empresa AMBITEC, que presta serviço de varrição, coleta e transporte de resíduos sólidos no município de Aracruz.
Conforme relato prestado por George Cardoso Coutinho, agindo como réu colaborador no processo, a empresa repassava, mensalmente, propina no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) em favor de cada vereador, em troca a fidelidade dos vereadores aos interesses atinentes a empresa junto a municipalidade.
Ainda de acordo com as provas colhidas, o ex- vereador Gilberto Furieri era o administrador do esquema, sendo ele o responsável por recolher os valores conhecidos por “Iixinho” junto à empresa e repassar aos demais colegas. Gilberto recebia valor maior, R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por administrar o esquema.
Em sua decisão, o Juiz Tiago Camata explicou que o grau de reprovabilidade da conduta dos reus é extremamente elevado, uma vez que a quadrilha era formada, quase na íntegra, por representantes do povo no parlamento e de maneira absolutamente arquitetada, voltada para a prática de crimes de modo planejado, premeditado e refletido.
“As consequências dos crimes são totalmente reprováveis, pois em razão da atuação concreta da quadrilha, grande parte da sociedade aracruzense foi diretamente afetada com a péssima qualidade dos serviços de limpeza urbana e coleta de resíduos sólidos por parte da empresa”.
Gilberto Furieri (presidente da Câmara Municipal à época dos fatos) foi condenado a 29 anos e 08 meses de reclusão e 800 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista condição financeira do réu;
Ronaldo Modenesi Cuzzuol (vereador à época dos fatos) foi condenado a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista condição financeira do réu.
Orvanir Pedro Boschetti (vereador à época dos fatos) foi condenado a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 (cinco) salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista a condição financeira do réu.
Ismael Da Rós Auer (secretário à época dos fatos) foi condenado a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista a condição financeira do réu.
Ozair Coutinho Gonçalves Auer (vereadora à época dos fatos) foi condenada a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista a condição financeira da ré.
Jocimar Rodrigues Borges (vereador à época dos fatos) foi condenado a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista acondição financeira do réu.
Paulo Sérgio Rodrigues Pereira foi condenado a 24 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão e 660 dias-multa, aferindo cada um em 05 salários-mínimos vigentes ao tempo do fato, haja vista a condição financeira do réu.
George Cardozo Coutinho (vereador à época dos fatos) teve reconhecida a delação premiada, sendo-lhe concedido perdão judicial.
Os réus Gilberto Furieri, Ronaldo Modenesi Cuzzuol, Orvanir Pedro Boschetti, Ismael Da Rós auer, Ozair Coutinho Gonçalves Auer, Jocimar Rodrigues Borges e Paulo Sérgio Rodrigues Pereira tiveram a prisão preventiva decretada na sentença.
No segundo processo, de n° 006.11.002576-1, o ex-vereador George Cardozo Coutinho, seu pai Pedro Tadeu Coutinho e o ex- diretor parlamentar, Bruce Ferreira Kenneth Kunghs, foram acusados pelo Ministério Público Estadual e condenados pelo juiz Tiago Fávaro Camata por crime de Peculato, por terem praticado Rachid e contratado funcionários fantasmas. George Cardozo Coutinho teve reconhecida a delação premiada e, por fim, foi condenado a 06 anos e 08 meses de reclusão e a 200 dias-multa, aferindo cada um em 1/30 do salário-mínimo vigente ao tempo do fato. Foi fixado o regime semiaberto, mas, em virtude do reconhecimento da delação premiada, foi aplicado o benefício do art. 4º da Lei 12.850/13, substituindo-se a pena privativa de liberdade por 02 (duas) restritivas de direitos. Em razão disso, não teve a prisão preventiva decretada na sentença.
Bruce Ferreira Kenneth Kunghs foi condenado a pena definitiva de 20 anos de reclusão e 600 dias-multa, aferindo cada um em 1/30 do salário-mínimo vigente ao tempo do fato. Foi fixado o regime fechado e decretada a prisão preventiva na sentença.
Pedro Tadeu Coutinho foi condenado a pena definitiva de 18 anos, 07 meses e 10 dias de reclusão e 557 dias-multa, aferindo cada um em 1/30 do salário-mínimo vigente ao tempo do fato. Foi fixado o regime fechado e decretada prisão preventiva na sentença.
Nesta quarta-feira (16/1), pela manhã, a polícia civil de Aracruz/ES, com o apoio do Nuroc, cumpriu os mandados de prisão expedidos em face dos réus Gilberto Furieri, Ronaldo Modenesi Cuzzuol, Orvanir Pedro Boschetti, Ozair Coutinho Gonçalves Auer, Jocimar Rodrigues Borges e Paulo Sérgio Rodrigues Pereira, na ação penal nº 0016272-38.2012.8.08.0006.
E também foi cumprido o Mandado de Prisão expedido em face do réu Pedro Tadeu Coutinho, na ação penal nº 006.11.002576-1.
Fonte: Liberdadenews/Ascom