O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) respondeu nesta quinta-feira, 28, as declarações do vice-presidente Hamilton Mourão que sugeria a saída do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no dia anterior. O chefe do executivo rotulou o vice de “palpiteiro” e ainda disse que quem quiser escolher a equipe, que se candidate nas próximas eleições.
“O governo vai indo bem, apesar dos problemas que nós temos da pandemia, que realmente deu uma atrapalhada em quase tudo, mas eu peço a todo mundo. Não é que acreditem não, é que tenham tranquilidade de modo que não fiquem especulando porque isso só traz inquietações internas e levam incertezas para a população. O que nós menos precisamos é de palpiteiros na formação do meu ministério [...] Se alguém quiser escolher, que se candidate em 2022 e boa sorte em 2023”, rebateu Bolsonaro.
Pouco antes da respectiva declaração, o chefe do executivo ainda teria dito que preferiria não comentar acerca do assunto, afirmando que as perguntas sobre o tema deveriam ser designadas ao próprio Mourão. No entanto, ele preferiu voltar atrás, dizendo que a imprensa “semeia a discórdia” e que a situação se agrava quando pessoas da própria equipe levantam esses tipos de questões.
"Quero deixar bem claro uma coisa. Tenho 22 ministros efetivos e um que é interino. Aí que nós podemos ter um nome diferente ou efetivação do atual. Nada mais além disso. Toda semana recebo da mídia informações que vão ser trocados ministros, tentando sempre semear a discórdia no nosso governo. Eu lamento que gente do próprio governo agora passe a dar palpites no tocante a troca de ministros", disse o presidente.
O motivo da insatisfação presidencial se deu por uma declaração proferida por Mourão em entrevista à Rádio Bandeirantes. O vice indicou que poderia haver uma ‘reforma ministerial’ no governo e que uma das prováveis modificações estaria no Ministério das Relações Exteriores, com Ernesto Araújo deixando o cargo, agradar a base do governo na Câmara, que deve votar em peso no deputado Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Casa.
"Não tenho bola de cristal, nem esse assunto foi discutido comigo. Mas em um futuro próximo, depois da eleição dos novos presidentes das duas Casas do Congresso, poderá ocorrer uma reorganização do governo para que seja acomodada uma nova composição política que emergir desse processo. Talvez com isso aí alguns ministros sejam trocados, entre eles, o próprio Ministério das Relações Exteriores", declarou Mourão.
O titular da pasta ficou em situação delicada por conta das necessidades do Brasil em insumos da China para a vacina contra a Covid-19, uma vez que ele era um dos principais críticos e fazia ataques verbais ao país asiático.
Fonte: Atarde