Dois dias depois a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionadas à Operação Lava Jato, o símbolo petista e possível presidenciável para 2022 discursou na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo na manhã desta quarta-feira, 10.
"Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história deste país", bradou o ex-presidente. "Faz quase 3 anos que eu saí da sede desse sindicato para ir me entregar à Polícia Federal. Eu fui, obviamente, contra minha vontade porque sabia que estavam prendendo um inocente. Fui porque não seria correto um homem com a minha história, construída com muito de vocês, sair na capa dos jornais como um fugitivo. Como tinha clareza das inverdades contadas sobre mim, tomei a decisão de provar a minha inocência independente do lugar que estivesse", iniciou o discurso.
O petista demonstrou os préstimos ao ministro Edson Fachin, que de acordo com ele fui cumpridor da justiça, e reconheceu que a decisão foi apenas processual. Subiu o tom ao chamar a força-tarefa da Lava Jato de 'quadrilha' e afirmar que a mesma tinha uma obsessão por condená-lo porque queria criar um partido político.
"Eu sou agradecido ao ministro Fachin, porque ele cumpriu uma coisa que agente reivindicava desde 2016. A decisão que ele tomou tardiamente, 5 anos depois. O processo vai continuar, tudo bem, eu já fui absolvido de todos os processos fora de Curitiba, mas nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar. Deus de barro não dura muito tempo", afirmou o ex-presidente que deixou clara a intenção de avançar na Justiça com o processo que avaliará a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.
"Vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito. Ele não tem o direito de ser considerado herói por aqueles que quiseram me culpar. Tenho certeza que hoje ele e o Dallagnol devem estar sofrendo muito mais do que eu sofri. Porque eles sabem que cometeram erros, e eu sabia que não tinha cometido".
Pandemia
Ao falar do atual momento da pandemia no Brasil, que já somam mais de 268 mil óbitos, Lula mostrou-se consternado e atacou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela condução do enfrentamento à doença no país. De acordo com Lula, que aos 75 anos poderá se vacinar já na próxima semana, o país vive um momento sem governo e a população deve desobedecer 'qualquer decisão imbecil do presidente da República e do ministro da Saúde'.
“Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas sou eu, mas não tenho. A dor que eu sinto não é nada diante da dor que sofre milhões e milhões de pessoas. É muito menor do que a dor que sofre quase 270 mil pessoas que viram seus entes queridos morrer. Semana que vem, se Deus quiser, eu vou tomar a minha vacina. Vou tomar a minha vacina. Não me importa de que país, não me importa se é duas ou uma só, sabe? Eu vou tomar minha vacina e quero fazer propaganda pro povo brasileiro: Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do Covid", disse.
Logo após, Lula subiu o tom contra o presidente Bolsonaro e sua gestão da saúde pública no Brasil. De acordo com o petista, o ex-capitão do exército é o principal responsável pela situação de calamidade que muitos estados do Brasil se encontram por questões como politização das vacinas e falta de logística para a imunização do povo brasileiro.
"Pelo amor de Deus, esse vírus, essa noite, matou quase 2 mil pessoas. Esse país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo. Vou repetir: esse país não tem governo, esse país não cuida da economia, esse país não cuida do emprego, do salário, da saúde, do meio ambiente, da educação, do jovem, da meninada da periferia. Ou seja, do que eles cuidam?”, questionou.
Esse país não tem Governo, tem um fanfarrão. Através das fake news o mundo elegeu Trump e Bolsonaro. Bolsonaro a vida inteira não foi nada. Nem capitão foi, era tenente, foi promovido porque se aposentou depois de tentar explodir um quartel. Depois que se aposentou não fez mais nada na vida. Ficou 30 e poucos anos com mandato e conseguiu convencer parte da população de que ele não era político. Ele não fala com trabalhador nem com empresário. Só fala com o Loro da Havan. O Brasil não é do Bolsonaro e dos milicianos, o Brasil é dos brasileiros".
Fonte: Atarde