O ex-ministro Ciro Gomes lançou nesta sexta-feira, 21, a sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PDT, em convenção com participação de deputados e correligionários, transmitida de forma virtual.

Em seu discurso, o pedetista fez duras críticas a Jair Bolsonaro, ao ex-presidente Lula e ao ex-juiz Sergio Moro, os seus prováveis adversários na eleição deste ano.

Com o mote da "rebeldia e esperança", Ciro buscou se diferenciar dos demais nomes e se colocar como a alternativa para sanar problemas endêmicos do Brasil, agravados por Bolsonaro, mas não originados em seu mandato.

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Enaltecendo a sua trajetória como prefeito, governador e ministro, o pedetista disse que nos últimos anos até o termo "esquerda" foi desvirtuado e questionou se seria o "destino' do país novamente "cair" nas garras de uma "direita obscurantista e criminosa".

"Esse é o legado deixado por partidos de esquerda que governaram o país por mais de 20 anos? Seria o nosso destino cair em uma direita obscurantista e criminosa, que piorou tudo, mas não pode ser condenada isoladamente? Presidentes foram iguaizinhos na economia, modelo que copiaram uns dos outros. Será que seria absurdo mostrar que a diferença entre eles é apenas de formatos, que copiaram os mesmos programas da área social mudando apenas seus nomes? Será que é mentira que eles, sem exceção, impuseram um tipo de governança com conchavos, fisiologismo e corrupção?", provocou Ciro.

"Esse desmonte e essa repetição já vem de muito tempo. Collor escancarou a porteira, FHC preparou a mesa do banquete, e Lula, convenhamos, condimentou melhor os pratos. Depois de servir cerimoniosamente aos tubarões, Lula distribuiu com compaixão de filantropo, as sobras para os mais pobres", prosseguiu.

Os pontos principais do projeto de Ciro foram repetidos por ele no discurso, que segundo o ex-ministro é um "documento" do seu compromisso com o país, como a taxação das grandes fortunas, uma reforma tributária que desonere os mais pobres e a classe médica, investimento em tecnologia da informação e educação, e a solução do endividamento dos brasileiros atualmente com o nome no SPC/Serasa.

"Eu taxareis sim, as grandes fortunas, cobrarei sim, impostos sobre lucros e dividendos, modificarei a estrutura tributária para acabar com a pouca vergonha de pobres e classe média pagarem mais impostos que ricos e desonerar produção de forma seletiva e planejada, acabando festival de desonerações sem controle. Só esse ano, o povo amargando na pobreza, miséria, fome, R$ 350 milhões de impostos e devidos foram deixados de cobrar. No Brasil, filé mignon, salmão, queijo suiço, são isentos de impostos. Só esses três itens botam 1 milhão de crianças em tempo integral. Eu sei onde está o dinheiro", garantiu Ciro.

Segundo o pré-candidato do partido fundado por Leonel Brizola, citado por diversas vezes em seu discurso e no do presidente da sigla, Carlos Lupi, o seu eventual governo vai priorizar a maioria dos brasileiros, não somente a elite financeira que representa uma minoria que se beneficia do atual modelo econômico, enquanto a desigualdade social aumenta a cada dia.

"Vou resolver o endividamento dos milhões de brasileiros e brasileiras no SPC/Serasa, podem tremer de medo as seis famílias de banqueiros e especuladores. E vibrem de esperança os milhões de pais de famílias e todos do setor produtivo que se beneficiarão do poder de compra [...] mudarei a política da Petrobras, podem tremer de medo os tubarões que delas se apossaram, mas vibrem de alegria milhões de compatriotas que pagarão combustível mais barato e gritarão de novo 'O petróleo é nosso'", disse Ciro, que prometeu ainda financiar smartphones em "até 36 vezes" para os mais pobres.

O tom subiu quando Ciro mudou a sua mira para o ex-ministro Sergio Moro, que classificou como "lambe-botas de Bolsonaro", e o chamou de "juiz condenado", lembrando a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o julgou parcial nos casos contra o ex-presidente Lula. 

Ciro rejeitou se referir a Moro com um "adversário político" e lembrou que denunciava Bolsonaro antes de ser eleito, como agora faz com o ex-juiz. 

"Foi um lambe botas de Bolsonaro, um juiz condenado por suspeição e investigado por trabalhar como consultor para empresas que atuam na recuperação da Odebretch [...] mas ele não cansa de tentar transformar farsas em heroísmo, sem ter o menor preparo para o cargo. Adversário a gente trata como adversário, como fiz lá atrás com Bolsonaro. Quando denunciava que ele era um falso moralista, poucos queriam ouvir, agora estou tentando advertir que ele é um inimigo da república, não um adversário político, tentando subtrair a dignidade do povo brasileiro", disparou.

Fonte: Atarde

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