Peritos criminais e médicos legistas do DPT - Departamento de Polícia Técnica de Teixeira de Freitas, por solicitação do titular da Polícia Civil de Caravelas, delegado Robson Marocci, promoveram na tarde desta terça-feira (13/12), a exumação do corpo da adolescente Josiele Martins do Nascimento, 16 anos, que foi enterrada no Cemitério de Juerana, distrito do município de Caravelas, no domingo do último dia 27 de novembro, vítima de uma Embolia Amniótica após ter passado dois dias sofrendo a dor de um parto que deveria ser cesariana no Hospital Municipal de Caravelas, onde os médicos insistiram na tentativa que ela deveria ganhar o seu bebê por parto normal, mesmo não tendo a condição de submeter-se ao procedimento, além da denúncia da família que declara que o feto ainda mexia na sua barriga durante o velório da moça no interior do município e a suspeita é, que quando a adolescente foi sepultada em Juerana, o bebê de 9 meses de gestação, que se tivesse nascido receberia o nome de Dionata Dias Rocha Nascimento, ainda estaria vivo.
Após os fatos, a mãe de criação e avó da vítima, a dona Maria Ferreira Martins, 51 anos, procurou o Ministério Público e a Polícia Civil da comarca de Caravelas, munida das mais evidentes provas possíveis, inclusive testemunhas, por ocasião que a promotora de justiça, Drª Letícia Campos Baird, solicitou e o delegado Robson Marocci determinou a imediata instauração de um Inquérito Policial para apurar a veracidade dos fatos narrados, tanto que solicitou a exumação do corpo. Para o perito médico legal revisor da Polícia Técnica, Dr. Welson Nascimento, o objetivo dos exames realizados com a exumação do corpo da moça é identificar os possíveis traumas sofridos pela adolescente antes da sua morte e tentar identificar e confrontar o intervalo da morte da adolescente e do feto ainda em seu ventre. Segundo o perito criminal e coordenador regional da Polícia Técnica, Dr. Manoel Garrido, o laudo da Polícia Científica com os reais resultados sobre a morte de mãe e filho, deverá ser divulgado num prazo máximo de 30 a 45 dias.
A dona Maria Ferreira Martins, disse que a sua neta menor de idade, nas vésperas da mesma dar à luz, na manhã de sexta-feira (25/11), Josiele acordou sentindo dores, sendo levada ao Posto de Saúde de Juerana, onde foi atendida por um médico que mandou a jovem voltar para casa, pois não teria o seu bebê naquele dia. À tarde, as dores aumentaram e a família levou Josiele para o Hospital Municipal de Caravelas. “Cheguei com minha neta no hospital no início da noite de sexta-feira (25/11). A pessoa que atendeu disse que ela não poderia ter parto normal, que o parto teria que ser cesariana. Então, passamos a noite e a médica, às vezes aparecia no quarto, outras vezes não. Quando eu procurava por ela, a enfermeira dizia que estava descansando. Minha neta continuava sofrendo, gritava por socorro, pedia que eu a ajudasse, e eu nada poderia fazer”, disse ela.
Dona Maria ainda conta que no sábado (26/11), perguntou os motivos de sua neta ainda não ter sido transferida para a maternidade de referência em Teixeira de Freitas, onde receberia um atendimento mais adequado, quando teria sido informada pelo hospital que na cidade vizinha não tinha vaga. “Minha neta já estava sendo torturada. Eles forçaram a menina ter o parto normal”, relata. Ao meio-dia, diz dona Maria, chegou a notícia de que havia surgido uma vaga na Maternidade Municipal de Teixeira de Freitas. “Mas uma outra médica teria dito que não havia necessidade da transferência da minha neta porque ela já estava próxima de ter o neném”, contou. Dona Maria relatou que da sala ouvia os gritos de Josiele, que no desespero socava as paredes e clamava por socorro.
Proibida de entrar no quarto onde estava Josiele, dona Maria conta que acompanhava apreensiva a correria que começou já no meio da tarde de sábado (26), tentando descobrir o que estava acontecendo. Por fim, descobriu que a neta seria transferida urgente para Teixeira de Freitas porque havia sofrido uma parada cardíaca, cuja causa morte teria sido Embolia Amniótica (que trata-se de um choque patológico grave que se caracteriza principalmente por sofrimento celular, súbito, intenso, persistente e generalizado, que leva a pessoa à morte geralmente na resistência de fortes dores). “Quando conseguiram a ambulância, já era tarde demais, Josiele morreu na saída de Caravelas” disse.
Já a mãe biológica da adolescente, dona Celma Martins Nascimento, 35 anos, disse que ao ver a sua filha morta, ela estava cheia de hematomas, toda roxa, como se tivesse sido torturada. E desabafou: “Eles forçaram ela demais, mesmo sabendo que ela não tinha condições de ter parto normal. Aquilo foi um duplo assassinato assistido, ela morreu sendo torturada e nem se quer tentaram salvar meu netinho da barriga dela, e tudo isso dentro de um hospital”, lamentou desolada. O Hospital Regional de Caravelas é administrado por uma associação privada e até o momento ninguém da direção da unidade falou ou divulgou alguma nota esclarecendo o assunto.
Por: Athylla Borborema