Nova Viçosa: Em todo Brasil, de repente, parece que a indignação acumulada no coração e na alma das pessoas explode em gritos, cartazes, faixas, apitaços. A gota d’água (vinte centavos de aumento da passagem em SP) despertou os gigantes adormecidos, os cidadãos brasileiros, que já não suportam mais a cada dia um novo imposto e tanta exploração através de taxas e impostos cada vez mais altos.
Os investimentos em Educação não são suficientes para garantir a qualidade que se deseja para um Brasil em crescimento. E, por isso mesmo, deve-se lembrar aos representantes da Nação, do Estado, dos Municípios que quem paga os impostos também deve ser beneficiado por eles. Mas o que se vê, é pouca aplicação de recursos na área e, por isso mesmo, a luta pelos 10% do PIB e pelos recursos do pré-sal – na tentativa de criar novas universidades e ampliar as oportunidades de formação para jovens, como o Prouni, Sisu, FIES, entre outros.
Os desmandos nos desvios de verbas para construção de estádios são gritantes e revoltam, enquanto a Educação fica em segundo plano. Assim como a Educação, também a saúde e a segurança necessitam urgentemente de melhorias, pois aqui em Nova Viçosa-BA, apesar de haver hospital público, este deixa a desejar. Postos de Saúde Familiar sem médicos, poucos odontólogos e muita demora em conseguir um exame, quando requisitado – mesmo que urgente.
Na área de segurança, uma subdelegacia sem funcionários, em condições precárias e acúmulo de serviço. A polícia militar com apenas uma viatura para atender a demanda do Distrito de Posto da Mata e os distritos ao redor. Nossos jovens e adolescentes sendo “caçados” e presos por usos e porte de drogas ilícitas, falta de perspectivas para o futuro, de cursos profissionalizantes, por falta de oportunidades de emprego, por falta de líderes em nossa sociedade.
Os profissionais da Educação lutam para a diminuição da carga horária, pois Nova Viçosa é um dos poucos municípios onde ainda acontecem concursos públicos de 25 horas semanais, totalizando 50 horas para quem trabalha dois turnos, gerando um desgaste muito grande para seus funcionários. Isto compromete a qualidade do ensino, juntando ainda salas de aula lotadas, sem arejamento e a maioria com quadro-negro onde o professor ainda faz uso de giz (os alunos brincam que o professor é viciado em pó... de giz). A revisão do Plano de Carreira dos Trabalhadores da Educação também se faz necessário, pois um trabalhador valorizado sempre dará o melhor de si, sem imposições e opressões.
Nesse e por esse contexto, o povo de Posto da Mata, o maior distrito do Brasil, também se fez ouvir no dia 22 de junho, em apoio às manifestações pelo país, mas muito mais porque também já está cansado de esperar por mudanças. Muitos estudantes presentes, cartazes em punho e apito na boca, convidaram a população a participar do movimento. Das janelas de prédios, acenos de apoio, cartazes e faixas davam sua contribuição para acordar Posto da Mata para um novo momento.
O momento é esse. Não podemos ficar calados e aceitar que políticos corruptos nos representem e fazer de conta que está tudo bem. Aqui também somos Brasil e temos que sair do “berço esplêndido” e reivindicar nas ruas. Afinal, povo calado é povo mandado!
Valeu galera de Posto da Mata. O primeiro passo foi dado. Muitos outros virão. Fiquem atentos!
Por: Pedro Cardoso/Liberdadenews
Pedro Cardoso é professor de Língua Inglesa dos municípios de Mucuri e Nova Viçosa, diretor do SINTRENOV (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Nova Viçosa) e acadêmico de Direito.